Casos mais típicos são as doenças respiratórias, que representam metade dos atendimentos nos postos
Cilene Brito
O Carnaval acabou há cerca de uma semana e trouxe como resultado a temporada de viroses em toda Salvador. Nos postos de saúde da capital, a incidência de casos já chega a cerca de 50% dos atendimentos e deve aumentar nos próximos dias. Os casos mais típicos registrados nos postos de emergência são as viroses respiratórias, sobretudo devido ao clima úmido registrado nos últimos dias. Outras doenças virais como gastroenterites, dengue, sarampo, rubéola e conjuntivite também estão na mira dos médicos.
O médico plantonista do 12o Centro de Saúde, na Boca do Rio, Anderson Teixeira, explica que, assim como as bactérias, os vírus circulam livremente pelo ar e atingem, principalmente, os organismos mais fragilizados. As viroses são transmitidas pela fala, tosse e secreções. Ele alerta, no entanto, que a temporada de viroses foi iniciada pouco antes do Carnaval, devido à grande presença de turistas que chegaram à cidade durante o Verão. No entanto, é durante a folia momesca que ocorre maior facilidade de contágio, sobretudo pelo aumento do contato pessoal em locais aglomerados.
“Existe uma infinidade de vírus. A cidade estava cheia de turistas e muitos deles trazem esses agentes que não são comuns à nossa comunidade”, salientou. Ele explica que é também durante o Carnaval que muitas pessoas cometem excessos com a bebida e acabam se descuidando da saúde através da má alimentação e da redução do sono e descanso, o que contribui para a queda no sistema imunológico. Dores do corpo e na cabeça, mal-estar, moleza e febre são os sintomas mais comuns dos indivíduos acometidos por viroses. Em alguns casos, elas também podem vir acompanhadas por vômitos e diarréia. Dois dias após o Carnaval, a estudante Marília Pereira, 24 anos, amanheceu com dores por todo o corpo e espirrando muito. “Mal conseguia sair da cama. Foi da noite para o dia. Senti muita dor de cabeça, febre e o corpo mole. Fiquei dois dias sem trabalhar só tomando líquido”, lembra. Já o segurança Maurício Pimentel, 30 anos, conta que a virose, também respiratória, atacou mais duas pessoas em sua casa. “Eu fiquei primeiro e, no dia seguinte, todos já estavam”, conta.
De acordo com a pediatra do 5º Centro de Saúde, Barris, Gessilane Brito, embora as viroses possam atingir qualquer idade, os casos mais comuns são registrados em crianças. Mesmo que muitas não participem diretamente da folia, elas acabam sendo mais suscetíveis com a grande circulação de vírus que se encontram no ar.
A médica explica que as viroses respiratórias, por exemplo, são responsáveis por vários tipos de infecções. O vírus é transmitido pela fala, espirros e tosse. “Geralmente, o período de manifestação dos sintomas é de até 72 horas, mas se não tratada devidamente, a infecção pode evoluir para casos mais graves como pneumonia e bronquite”, alerta.
***Automedicação é sempre perigosa
A especialista ressalta que não há medicamentos específicos para tratar viroses e o tratamento é totalmente sintomático, basicamente com o uso de analgésicos e antitérmicos. O mais recomendável é a ingestão de bastante líquido, repouso e alimentação equilibrada. Seguindo essas recomendações, os sintomas devem aparecer em até três dias. Apesar disso, a avaliação é imprescindível, sobretudo para que seja evitada a automedicação.
“A automedicação pode trazer graves riscos à saúde. Como os sintomas das viroses são muito parecidos, elas podem ser confundidas com outras doenças virais mais graves como a dengue hemorrágica”, alerta. O ácido acetilsalicílico (AAS) e antiinflamatórios não devem ser usados pelo risco de agravar sangramentos.
Fonte: Correio da Bahia
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