Carlos Newton
É impressionante. O terceiro governo Lula da Silva nem completou o primeiro ano e o presidente dedica-se quase exclusivamente à reeleição em 2026, cometendo o mesmo erro de seu antecessor Jair Bolsonaro. De início, anunciou que seria sua última eleição. Porém, quando o americano Joe Biden lhe disse que iria se candidatar novamente perto de completar 82 anos, Lula animou-se todo, descartou a promessa e agora parece a dona Bela e “só pensa naquilo”.
Ao invés de se preocupar com o governo, Lula dedica-se a percorrer o mundo, para tentar o velho sonho do Nobel da Paz, que jamais lhe será concedido, pois o Comitê tem mais o que fazer, já errou na escolha várias vezes, porém jamais premiou um ex-presidiário condenado unanimemente em três instâncias por corrupção e lavagem de dinheiro, que saiu da prisão e se candidatou de novo sabe-se lá como…
FURACÃO DINO – Não há dúvida de que Flávio Dino seria um fortíssimo candidato à eleição em 2026. Ele sabe fazer política como ninguém, em pouco tempo tornou-se famoso nacionalmente, tem o poder de atrair os jornalistas, é um verdadeiro furacão.
Lula é ignorante, mas não é burro. Muito belo contrário. Sentiu logo o golpe, percebendo que tinha um forte concorrente dentro de seu próprio quintal, bem mais jovem do que ele e com um apetite pelo poder que não deixa margem a dúvidas.
A vaga no Supremo foi providencial. Para todo operador do Direito, é um sonho irresistível, especialmente para Flávio Dino, que aos 32 anos já presidia a importantíssima Associação Nacional dos Juízes Federais. Ele caiu no conto da sereia petista, saiu fora do páreo, mas não abandonou a ideia de tentar a Presidência mais para a frente, ninguém deve brigar com o destino.
FALTA HADDAD – Dino já está descartado, agora falta Fernando Haddad. O presidente Lula não está gostando nada da aceitação de Haddad pelo mercado. O ministro da Fazenda está demonstrando um extraordinário equilíbrio e não mistura as coisas, a ponto de nomear para o Banco Central dois economistas que no Copom estão votando fechados com Roberto Campos Neto, presidente do BC.
A inflação está baixa, fazendo inveja a muitos países desenvolvidos, e o problema maior é conter a expansão da dívida pública, uma política que deixa Lula alucinado, mas Haddad e Campos Neto fingem não ouvir.
No desespero, Lula dá declarações criticando a política econômica e manda a serviçal Gleisi Hoffmann soltar os cachorros do PT em cima de Haddad, que está suportando o bombardeio, mas ninguém sabe até quando vai aguentar.
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P.S. – Bem, este é o panorama visto da ponte de Brasília, como diria o genial Arthur Miller, falando baixinho ao ouvido de Marilyn Monroe. A única certeza a extrair desse episódio de traições e de fogo amigo é que Fernando Haddad está se tornando um político admirável e seria um presidente muito melhor do que Lula da Silva, que torce para que seu ministro da Fazenda peça demissão o mais rápido possível. Acontece, porém, que Haddad aprendeu a jogar o xadrez político e não quer sair voluntariamente. Bem, existe um ditado capitalista que Lula não conhece e explica bem a situação – “Jamais contrate quem você não pode demitir”. O presidente sonha (?) que o ministro peça demissão, mas isso pode não acontecer tão cedo e haverá um enorme desgaste do governo petista. (C.N.)