terça-feira, março 28, 2023

Novo juiz da Lava Jato se deixa manipular por um pilantra vulgar como Tacla Duran


Homem de terno e gravata sentado à frente de monitor de computador em escritório

Pelo jeito, esse juiz Appio ainda vai dar muito o que falar…

Catarina Scortecci
Folha

O juiz federal Eduardo Appio, à frente dos casos remanescentes da Operação Lava Jato em Curitiba, encaminhou um ofício à Polícia Federal do Paraná nesta terça-feira (28) com as acusações feitas pelo réu Rodrigo Tacla Duran contra o ex-juiz Sergio Moro e o ex-procurador Deltan Dallagnol, hoje congressistas.

No documento, Appio afirma que o conteúdo está sendo encaminhado à PF para “instauração urgente de inquérito policial visando a apuração da prática, em tese, de crime de extorsão (alegadamente agentes políticos federais)”. Moro e Deltan rechaçam as acusações.

DELEGADO JÁ DEVOLVEU – Os relatos foram feitos nesta segunda-feira (27) por Tacla Duran, em audiência marcada pelo juiz Appio dentro do processo no qual o advogado responde pelo crime de lavagem de dinheiro.

No ofício encaminhado ao delegado Rivaldo Venâncio, que recentemente assumiu a cadeira de superintendente regional da PF, Appio informa que está anexando uma cópia da ata da audiência.

Por volta das 18h, contudo, Venâncio responde a Appio, sugerindo que o assunto fique com o STF (Supremo Tribunal Federal), “considerando o teor do ofício”. “Restituo respeitosamente a Vossa Excelência, com sugestão de análise de eventual encaminhamento ao STF”, assina o delegado.

FORO PRIVILEGIADO – O próprio juiz Appio já havia informado durante a audiência que o assunto seria de competência do STF, devido ao foro especial dos citados por Tacla Duran –VMoro é senador pelo União Brasil-PR; Deltan é deputado federal pelo Podemos-PR.

Foi com tal justificativa que Appio não pediu detalhes a Tacla Duran sobre o que ele tentava narrar – o advogado fala que houve perseguição de Deltan por não ter aceitado uma extorsão praticada por pessoas próximas a Moro. Declarações semelhantes já tinham sido feitas por Tacla Duran desde 2017 a jornalistas e no Congresso.

Ele acusa um amigo de Moro de pedir dinheiro para atuar em negociação de acordo de delação premiada.

PROTEÇÃO A TESTEMUNHA – A Folha tentou contato com Tacla Duran, mas não obteve resposta. Em despacho após a audiência de segunda, o juiz Appio afirmou que o réu seria encaminhado ao programa federal de proteção de testemunhas.

Em depoimento a autoridades espanholas em 2017, Tacla Duran afirmou ter emprestado contas bancárias de suas empresas fora do Brasil para movimentar recursos da empreiteira Odebrecht.

Na 13ª Vara Federal de Curitiba, a ação penal de Tacla Duran está suspensa por determinação do STF desde 14 de março. Mas a audiência acabou marcada pelo juiz Appio após sua decisão de revogar a prisão preventiva que tinha sido decretada contra o advogado quando Moro ainda era juiz.

DUPLA CIDADANIA – Nascido no Brasil, com dupla cidadania por ser filho de espanhol, Tacla Duran vive na Espanha, que rejeitou pedido de extradição apresentado pelo Brasil.

Ao revogar a prisão preventiva, em 16 de março, Appio afirmou que as prisões cautelares são medidas excepcionais, que “não podem se eternizar” e criticou a atuação do MPF na época de Deltan.

“A sua eventual importância, em termos de estratégia da acusação feita pela então força-tarefa do MPF na Lava Jato, de modo algum tem a capacidade de reduzir a amplitude de sua proteção constitucional contra prisões arbitrárias ou desnecessárias”, escreveu o magistrado, que é abertamente um crítico dos métodos da Lava Jato, quando Moro e Deltan estavam à frente dos casos.

MORO E DALLAGNOL – Na segunda-feira, Deltan Dallagnol escreveu em rede social que a audiência de Tacla Duran foi uma cortina de fumaça autorizada por um “juiz lulista”.

“É constrangedor ver a militância comemorando o depoimento de hoje como uma ‘vitória’, sendo que não é nada mais que uma história falsa, requentada pela terceira vez sem novidade e que já foi investigada pelo MPF e PGR, que a descartaram totalmente. Isso revela desespero”, disse o deputado.

Na mesma linha, Moro se manifestou por meio de nota. “Trata-se de uma pessoa que, após inicialmente negar, confessou depois lavar profissionalmente dinheiro para a Odebrecht e teve a prisão preventiva decretada na Lava Jato. Desde 2017 faz acusações falsas, sem qualquer prova, salvo as que ele mesmo fabricou. Tenta desde 2020 fazer delação premiada junto à Procuradoria-Geral da República, sem sucesso. Por ausência de provas, o procedimento na PGR foi arquivado”, afirmou Moro.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Caramba! O novo juiz da Lava Jato é um tremendo irresponsável e nem procurou se informar sobre quem é Tacla Duran, um dos principais operadores da lavagem de dinheiro da Odebrecht, através de empresas de fachada que abriu na Espanha e em Cingapura, que emitiam notas fiscais falsas, segundo depoimento do próprio Duran à Justiça espanhola. Se esse tal Appio fosse um juiz de verdade, primeiro mandaria apurar e investigar quem é Tacla Duran, que inclusive fraudou a principal prova que apresenta contra Moro e sua mulher, Rosângela. Bem, como a Justiça brasileira e a imprensa mostram ter memória demasiadamente curta, parece que a Tribuna da Internet vai ter de entrar nessa discussão, para que esse novo juiz da Lava Jato se aquiete e preste atenção ao serviço. Logo, logo vamos mostrar quem é o emporcalhado Rodrigo Tacla Duran. (C.N.)