Escolhido por aclamação como candidato do Partido Novo à Presidência da República neste sábado, 30, o cientista político Felipe D’Avila lançou sua campanha com fortes críticas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem classificou como "incompetentes" e sem "caráter".
"O que não tem chance é o Brasil na mão desses dois que destruíram o Brasil. Isso que não tem chance", afirmou D’Avila durante a convenção realizada na tarde deste sábado, na zona sul de São Paulo, enquanto criticava o que chamou de ‘cinismo’ por parte de analistas que apontam que só existem duas opções viáveis na disputa. D’Avila não mencionou diretamente o nome dos dois adversários na maioria dos comentários.
"Não tem chance quem destruiu o Brasil, agora venha se posar de que vai salvar o Brasil. Vai continuar afundando o Brasil. Porque são incompetentes. Porque falta caráter, falta valor, falta honrar o cargo que ocupam", acrescentou o presidenciável.
A confirmação do cientista político como candidato do Novo ao Planalto já era esperada, como antecipou o Estadão no começo do mês. A chapa "puro-sangue" da legenda terá como vice o deputado federal Tiago Mitraud (MG).
As críticas de D’Avila a Lula e Bolsonaro não ficaram restritas a um único momento do discurso. Em várias passagens do pronunciamento inaugural da campanha, o candidato criticou a gestão dos governos petistas e os escândalos de corrupção do período e os constantes ataques de Jair Bolsonaro à democracia.
"Quem honra a presidência da República, honra a Constituição, honra o sistema eleitoral, honra as regras do jogo e não tenta sabotar a democracia brasileira", disse D’Avila, antes de completar: "Quem honra a política não é ladrão que cria o maior esquema de corrupção desse país e agora vem se posar de inocente. Isso não merece ser presidente, não merece ser nada neste país. Merece estar na cadeia".
Antes, o cientista político já havia se referido aos anos de governo do PT e a herança econômica do período - segundo ele, a pior recessão econômica da história. A única menção nominal a Jair Bolsonaro veio quase no final do discurso, quando mencionava nomes que lutaram pela liberdade e pela democracia no Brasil - entre os quais, mencionou Joaquim Nabuco, Ulysses Guimarães e Fernando Henrique Cardoso.
"Tinha umas espécies de Jair Bolsonaro antes, como Floriano Peixoto e outros. Quem é que defendia (a democracia)? Paulistas, como Prudente de Morais, como Campo Sales, como Rodrigues Alves, que defendiam a democracia e liberdade e não deixaram o Brasil virar um país de ditadores. Foi a luta pela liberdade que nós temos democracia hoje", disse.
"O maior cabo eleitoral de um populista de direita é um populista de esquerda. Enquanto eles brigam, ninguém está brigando por vocês".
Sobre sua candidatura, o presidenciável destacou a união do partido para lançar uma chapa própria, segundo ele guiada por "valores e princípios". D’Avila também defendeu reformas como catalizadoras da geração de empregos e ressaltou a necessidade de unificar o país, mencionando a diversidade de raça, credo e gênero como uma potencialidade a ser aproveitada - e não utilizada como fator de divisão.
Discurso mais popular
Lideranças do Partido Novo participaram da convenção em São Paulo, como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que aconselhou os pré-candidatos da legenda a simplificar o discurso ao eleitorado.
"Temos que adequar, dizer que queremos gerar mais empregos. Dizer que defendemos a Reforma Tributária e a Reforma Fiscal é muito difícil de entender", disse Zema, ressaltando, que isso não significa perder os valores da legenda.
A estratégia, segundo o governador mineiro, é tornar as pautas mais "absorvíveis" pelo público geral.
Também durante a convenção, o pré-candidato ao governo de São Paulo Vinicius Poit afirmou que é o único nome que não vai utilizar os recursos do fundo eleitoral para disputar a corrida estadual. "Essa é a única candidatura que não usa fundão e que conta com o cidadão, com uma vaquinha que já conta com mais de 1,5 mil pessoas. É a única candidatura que tem um plano", disse.
Estadão / Dinheiro Rural