FLORIANÓPOLIS - A operação Cartada Final da Polícia Federal (PF), desencadeada simultaneamente em Santa Catarina, na Bahia, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte, ontem, resultou na prisão de 19 suspeitos de participarem de um esquema de contrabando de mercadorias e de máquinas caça-níqueis.
Entre os presos está o cônsul honorário da Espanha em Joinville (SC), Antônio Escorza Antonanzas, e sua mulher, a vice-consulesa Débora Pinnow. Antonanzas foi detido preventivamente ontem. Já a detenção de Débora ocorreu à tarde. No momento da prisão, ela carregava na bolsa R$ 43 mil, 27 mil dólares e 7,6 euros, cifras que alegou pertencer ao marido, feito que caracterizou o flagrante do casal, segundo a PF.
A operação teve início por volta das 5 horas e se concentrou principalmente em Joinville, a 170 quilômetros de Florianópolis. Cerca de 250 policiais federais cumpriram 17 mandados de prisões cautelares, 48 de busca e apreensão, 96 seqüestros de imóveis, apreensão de lanchas e de veículos, além do seqüestro de valores de 33 contas bancárias.
Ao todo, foram 13 prisões feitas em Joinville, entre as quais a do filho do cônsul. Em Recife (PE), foram feitas três; em Lages (SC) e em Salvador (BA), uma prisão cada. A PF também colheu documentos de contas bancárias no exterior que configuravam evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
Conforme a PF, o grupo comercializava produtos contrabandeados utilizados em máquinas caça-níqueis. "Ainda não temos como mensurar o tempo de atuação desta quadrilha, mas há indícios de pelo menos três anos de atuação", informou o delegado Luciano Raizer.
Neste período, a quadrilha também exportava equipamentos para o México, o Panamá, a Venezuela, o Peru, a Bolívia, a Colômbia, a Argentina, o Paraguai, a República Dominicana e a Espanha. A receita arrecadada pelos envolvidos era ocultada do Banco Central por meio de depósitos e saques sem comprovação de origem.
Durante a operação, os agentes identificaram inúmeras empresas fictícias abertas em nomes de terceiros para ocultar o chefe da organização que, segundo a PF, era Antonanzas.
Formação de quadrilha, contrabando, evasão de divisas, sonegação fiscal, falsidade ideológica, corrupção ativa, indução do Banco Central a erro e lavagem de dinheiro estão entre os crimes praticados pela quadrilha. A condenação para estes casos é de até 32 anos de prisão.
Segundo o superintendente da PF em Santa Catarina, Antonanzas não tem qualquer tipo de imunidade por ser cônsul. "Ele está sujeito à legislação brasileira", garantiu Moura, informando que a operação continuará a partir do cruzamento de informações e ainda da prisão de mais três suspeitos, sendo que dois deles estão fora do país.
Todos os 14 presos de Joinville seguiram no final da tarde de ontem para se submeter ao exame de corpo de delito no Instituto Médico-Legal (IML). A PF não soube informar se eles permaneceriam no presídio de Joinville ou se seriam transferidos para a sede da superintendência, na capital catarinense.
Fonte: Tribuna da Imprensa