sábado, abril 05, 2008

Promotor vê contradição entre pai e madrasta de Isabella

SÃO PAULO - O promotor Francisco José Taddei Cembranelli, que acompanha as investigações sobre a morte de Isabella Oliveira Nardoni, 5, disse ontem que há contradições nos depoimentos dados à Polícia Civil pelo pai e pela madrasta da menina. As diferenças, segundo o promotor, são em relação à seqüência dos fatos. Ele, no entanto, não explicou quais são os pontos estranhos, alegando que isso feriria o segredo no inquérito decretado pelo juiz Maurício Fossen. Anteontem, a pedido da polícia e da promotoria, a Justiça decretou sigilo sobre a investigação e a prisão temporária por 30 dias do pai de Isabella, o estagiário de direito Alexandre Nardoni, 29, e da madrasta da menina, a estudante Anna Carolina Jatobá, 24, considerados os principais suspeitos pela morte da criança. Os dois alegam inocência.Cembranelli também citou pelo menos quatro pontos que entende serem divergentes em relação às declarações dadas por testemunhas.
Isabella morreu no último sábado. A criança foi encontrada caída, com parada cardiorrespiratória, no jardim do prédio do seu pai, na zona norte de São Paulo. A menina, que morava com a mãe, Ana Carolina Cunha de Oliveira, tinha passado o dia com o pai, a madrasta e os dois irmãos por parte de pai. A Polícia Civil, que trata o caso como um assassinato, investiga se a menina foi asfixiada e se também teria sido jogada pela janela, do sexto andar. A prisão de Nardoni e de Anna Carolina, segundo a polícia, foi pedida devido a pontos que precisam ser esclarecidos. “Contradições existem. Alguns aspectos são obscuros”, disse anteontem Cembranelli, em entrevista na sede do Ministério Público.
De acordo com o promotor, os relatos feitos pelo pai e pela madrasta de Isabella têm vários pontos que não batem com as informações fornecidas por testemunhas. “Nós não temos aí versões que se completam. São versões opostas que se chocam”, disse o promotor. Uma das supostas inconsistências apontadas por Cembranelli é o fato de o casal ter omitido o fato de haver sangue no apartamento. No mesmo dia, a perícia feita pela polícia encontrou manchas no corredor, no quarto dos irmãos de Isabella e na tela de proteção da janela, por onde ela teria sido atirada. Outro ponto divergente nos depoimentos, na opinião do promotor, refere-se ao fato de momentos depois da morte da menina, com ela ainda no chão, testemunhas afirmarem ter ouvido o pai dizer que um ladrão arrombou o apartamento. De acordo com Cembranelli, peritos do IC (Instituto de Criminalística) não constataram sinais de arrombamento. Ainda segundo a promotoria, as informações de que havia um “ladrão” e que ocorreu um “arrombamento” não constam na declaração que Nardoni deu no dia seguinte à tragédia ao escrivão que o recebeu no 9º Distrito Policial (Carandiru). Ontem à noite, com a presença de cerca de mil pessoas foi realizada a missa de sétimo dia de Isabella. (Folhapress)
Fontew: Correio da Bahia