Gleisla Jesus Santos, 6 anos, é a segunda vítima fatal da doença na Bahia em 2008
Mariana Rios
Agarota Gleisla Jesus Santos, 6 anos, foi a segunda vítima fatal da dengue na Bahia este ano. O laudo que confirma a morte por dengue hemorrágica foi divulgado ontem pelo Laboratório Central de Saúde Pública Professor Gonçalo Moniz (Lacen). Ela morava no distrito de Japumerim, em Itagibá, a 160km de Itabuna, no sul baiano. Até agora, de 30 notificações de dengue hemorrágica, foram confirmados 13 casos com complicações e necessidade de internamento. Outros 11 estão sob investigação e seis foram descartados. A primeira morte ocorreu em fevereiro, em Lauro de Freitas, região metropolitana de Salvador.
Este ano, 40% dos municípios baianos já registraram a ocorrência da dengue. Gleisla deu entrada no Hospital Manoel Novaes, em Itabuna, às 4h da manhã do último sábado, e morreu três horas depois. Desde a semana passada, a criança estava internada em Itagibá. Dos 27 municípios que concentram a maioria dos casos da doença na Bahia, apenas 13 isolaram o vírus através de exames laboratorias para investigar o tipo de dengue que tem acometido a população.
O número de casos no estado dobrou nos três primeiros meses de 2008, em relação ao mesmo período do ano passado. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), dos 8.343 casos de dengue clássica contabilizados no primeiro trimestre de 2008, mais de 60% foram registrados na região de Irecê, composta por nove municípios. Em entrevista coletiva no início da semana, o secretário da Saúde, Jorge Solla, tentou tranqüilizar a população, apesar do crescimento registrado em relação ao número de casos no estado.
“São 168 municípios com casos de dengue, o que equivale a 40%, mas apenas 13 fizeram o isolamento do vírus. O procedimento deveria ser feito por cada município”, afirmou a coordenadora de doenças de transmissão vetorial da diretoria de vigilância Epidemiológica da Sesab, Jesuína Castro. A dificuldade para o procedimento é, segundo Jesuína, uma questão técnica. Mesmo com as condições ideais, apenas em 42% das vezes se consegue o isolamento, utilizando inoculação em células de mosquito.
Segundo Solla, a situação da Bahia é confortável em relação à dengue e o aumento nos registros se deve à concentração de casos na região de Irecê. Na oportunidade, o secretário pontuou que não houve avanço da dengue hemorrágica – com 13 registros e, agora, duas mortes. Nenhum caso de dengue hemorrágica foi registrado em Irecê ou nos municípios vizinhos.
As cidades que conseguiram isolar o vírus foram Itiúba, Salvador, Juazeiro, Paripiranga, Jaguarari, Cafarnaum, Lauro de Freitas, Juazeiro, Coração de Maria, Santa Luz, Antas e Seabra. Três tipos de vírus estão em circulação no estado (DENV 1, 2 e 3). Em 2007, foram notificados 18 óbitos por dengue hemorrágica e quatro foram confirmados (três em Salvador e um no município de Luís Eduardo Magalhães).
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Medo no subúrbio de Salvador
Em Salvador, a preocupação com o surto da doença ronda a população do subúrbio ferroviário. Nos dois primeiros meses de 2008, a região apresentou o maior índice de infestação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença. Em bairros como Lobato, Plataforma e São João do Cabrito, os índices superam em mais de dez vezes o recomendado pelo Ministério da Saúde.
Mesmo com a elevada taxa, o secretário municipal de Saúde, Carlos Trindade, insiste em dizer que os casos estão “pulverizados” e que não há “nenhuma concentração alarmante”. As declarações foram dadas em coletiva realizada no primeiro dia do mês, ante a escalada da doença no Rio de Janeiro e as cerca de 70 mortes.
Mas o próprio ministério já havia alertado para o risco de um surto de dengue em Salvador, com base no índice médio de infestação, medido a cada dois meses. Os números do primeiro Levantamento de Índice Rápido de Infestação do Aedes aegypti (Liraa) de 2008 são motivo para redobrar a preocupação de quem vive no subúrbio: o índice chega a quase 11%. O Ministério da Saúde considera tolerável o índice de até 1% e classifica de ameaça de surto os índices superiores a 4%. O levantamento é feito a cada cinco imóveis de cada um dos 93 estratos em que está dividido o território urbano de Salvador.
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SINTOMAS
Dores abdominaisVômitos freqüentes TonteiraFalta de ar SonolênciaFebre alta Sangramento
FORMAS DE PREVENÇÃO
ÜColoque areia no prato das plantas ou troque a água uma vez por semana. Mas não basta esvaziar o recipiente. É preciso esfregá-lo, para retirar os ovos do mosquito depositados na superfície da parede interna, pouco acima do nível da água. O mesmo vale para qualquer recipiente com água. ÜPneus velhos devem ser furados e guardados com cobertura ou recolhidos pela limpeza pública. Garrafas pet e outros recipientes vazios também devem ser entregues à limpeza pública.ÜVasos e baldes vazios devem ser colocados de boca para baixo. Limpe diariamente as cubas de bebedouros de água mineral e de água comum. Seque as áreas que acumulem águas de chuva. Tampe as caixas d’água.
Fonte: Correio da Bahia