Leandro Mazzini
brasília. O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) deu a dica ontem, em plenário, expondo os rumos do PMDB na escolha do sucessor de Renan Calheiros (PMDB-AL): "A sucessão passa por José Sarney". De fato, diante dos currículos dos candidatos peemedebistas e dos prós e contras de cada um na balança do poder, o ex-presidente da República e do Senado aparece como único nome viável para o mandato tampão de um ano. O primeiro problema do PMDB é que Sarney resiste à idéia. O segundo, é o veto da oposição, principalmente do PSDB, o que pode ser contornado com muita conversa.
Em outra ponta, a candidatura de Garibaldi Alves (PMDB-RN), alardeada por ele, tem o aval dos tucanos e do DEM, mas encontra grandes resistências dentro do próprio partido, que o vê como traidor depois de pedir a cabeça de Renan. E, no Palácio do Planalto, pelo fato do senador ter pesado a mão como relator da CPI dos Bingos. Ontem, Garibaldi evitou comentários depois da renúncia de Renan ao cargo. Mas, feliz, deixou escapar entreouvidos:
- Se antes eu era candidato, agora então...
Tanto Sarney, que tem a reverência do partido e nenhum "telhado de vidro", como teria Garibaldi, com o respaldo incondicional dos dois partidos da oposição, são fortes nomes dentro do PMDB para o cargo, cuja eleição deve acontecer na próxima quarta-feira. Outros senadores aparecem como alternativas. Valter Pereira (MS); o líder da bancada, Valdir Raupp (RO); o preferido de Renan, José Maranhão (PB); e Leomar Quintanilha (TO).
A bancada de 20 senadores, que continua dividida, só teve um consenso até agora: o nome para a sucessão de Renan não pode estar atrelado a pendências jurídicas. Sobram, então, Sarney e Garibaldi (veja fotos). Nesse cenário, o que tornou-se consenso no PMDB acabou por nortear a reivindicação das outras bancadas sobre um nome seguro, sem pendengas jurídicas.
- O PT vai respeitar a regra. Mas o PMDB sabe que tem a obrigação de apresentar um nome que seja "palatável" - cobrou a líder do PT, Ideli Salvatti (SC).
Daí Garibaldi e Sarney despontarem como favoritos. Antes da votação do processo contra Renan, os dois tiveram uma conversa reservada. Enquanto o senador potiguar oficialmente pôs-se como único candidato, o Palácio do Planalto e a maioria dos senadores peemedebistas lutam para convencer o ex-presidente da República. Embora reticente ao extremo, o estilo de Sarney ainda dá esperanças ao grupo. O senador não gosta de brigas nem rixas internas. Se Garibaldi abrir mão da campanha, talvez o senador renda-se aos apelos do presidente Lula e da filha, Roseana Sarney, para que tudo volte ao normal na Casa e o governo consiga tocar o processo de aprovação da CPMF. Caso não vingue seu nome, o PMDB, sem opção, terá de aceitar Garibaldi. Ele é aliado paroquial do líder do DEM, José Agripino Maia (RN). Especula-se que a condição para que tenha apoio do Planalto, no entanto, seja o fim da parceria com o DEM em Natal, situação que Garibaldi abomina.
- Sarney tem resistência. Pedro Simon, eu aplaudiria de pé, mas o problema dele está lá no Planalto. Garibaldi é meu aliado, não tenho por que contestar - comentou Agripino Maia.
Dentro do partido, Sarney tem adversários de peso como Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS), mas que juntos são votos vencidos. Se o nome de Sarney passar em consenso, e se Garibaldi abrir mão da candidatura, Sarney terá o apoio do Planalto para tentar convencer os tucanos.
- Se esse nome não passar pelo nosso crivo, teremos o direito de lançar uma chapa - avisou o líder tucano, Arthur Virgílio.
Fonte: JB Online