Nos dois discursos que fez ontem em plenário, o da renúncia, por volta das 16h, e de defesa contra o processo por quebra de decoro parlamentar, no início da noite, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) bateu na tecla de que era inocente, esforçou-se em dizer que foi alvo de perseguição política local e que vai provar sua inocência.
- O Senado não pode se afastar de suas atribuições para se transformar em palco de disputas paroquiais e receptáculo de armações de inimigos políticos dos senadores.
Renan anunciou que vai priorizar a proximidade com o povo de Alagoas. Na interpretação política, foi um recado para a adversária local, a ex-senadora Heloísa Helena, presente no plenário.
Ele terá o desafio de manter o poder paroquial a fim de tentar a reeleição em 2010 para o cargo. Terá de enfrentar dois opositores de peso. Um deles é o usineiro e ex-aliado João Lyra, que corroborou a denúncia da qual Renan foi alvo do segundo processo no plenário, a de que teria comprado rádios e jornal em Alagoas usando "laranjas".
- Insisto que somente a prova sólida e irrefutável teria força para privar-me do mandato eletivo. E esta prova, nem mesmo a mais tênue, não existe. O próprio relator só menciona supostos indícios.
A outra adversária é justamente Heloísa Helena, presidente do PSOL e tutora da maioria das seis denúncias que chegaram contra Renan no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa. Em todos os momentos, Renan indicou a perseguição política dos adversários como motivo da renúncia.
- Afinal, sou acusado de que? De ser sócio de uma rádio que não existe? De ter pautado uma rádio que não existe? De manter sociedade com base em contrato que também não existe? De ter participado de uma sociedade na qual eu não tinha nenhuma ingerência?
Fonte: JB Online