BRASÍLIA - Na aparência, ele é um parlamentar que disputa o comando do Senado com um misto de satisfação pessoal e regozijo político por antever a possibilidade de vir a ser o presidente do Poder Legislativo. Mas o senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), 60 anos completados em fevereiro passado e há 37 na política, está angustiado e até admite rever a sua filiação ao partido, caso a visão fantasmagórica de um José Sarney ungido pelo Planalto obrigue-o a desistir.
Certo de que o ex-presidente Sarney disse a verdade quando lhe garantiu, por duas vezes, que não seria candidato, Garibaldi investiu tudo na disputa pela cadeira que era de Renan Calheiros (PMDB-AL). O senador potiguar faz corpo a corpo atrás de votos, não perde uma solenidade para distribuir tapinhas nas costas dos colegas e ministros e investe também no visual e na silhueta.
Garibaldi sente-se favorito na disputa contra os outros três candidatos do partido (Neuto De Conto, Leomar Quintanilha e Valter Pereira), mas não esconde o temor de que o senador José Sarney (PMDB-AP), pressionado pela cúpula peemedebista e pelo Planalto, acabe cedendo à idéia de que tem o perfil ideal para um mandato tampão e pacificador, até o fim de 2008.
Nesse cenário, Garibaldi admite duas coisas: que não se vingaria do governo, votando contra a CPMF, e que pode mesmo repensar a sua situação no PMDB. "Eu vou reciclar todo um pensamento sobre o meu próprio partido (se tiver de desistir). Durante algum tempo você alimenta que tem uma determinada imagem perante os seus colegas e, se isso não acontecer, eu ficarei frustrado, principalmente com o PMDB. Haverá um certo desencanto da minha parte", afirmou durante entrevista na sexta.
Fonte: Tribuna da Imprensa