Weiller Diniz
O presidente interino do Senado, Tião Viana (PT-AC), é um político discreto e um médico infectologista aplicado. Ele diz para todo mundo que não tem aspirações de ir ficando na poderosa cadeira. Reconhece, taticamente, que o posto é um direito natural do PMDB - maior bancada - e condena o lançamento precipitado de candidaturas do partido aliado antes do dia 25, quando expira a licença protocolada pelo titular. As lições da profissão, aplicadas à política, desaconselham procedimentos abruptos e incisões profundas. Sabe ele que o pós-operatório é tão importante quanto a cirurgia e que a Casa presidida por ele está infectada por uma aguda crise de autoridade e de credibilidade. Para recuperar o enfermo Senado, Viana prescreve um choque de transparência.
Viana está tentando convencer os senadores a mostrar na internet uma prestação de contas meio fajuta dos R$ 15 mil que cada um recebe por mês além do salário. A prestação de contas seria uma mera demonstração de gastos e não exibiria, por exemplo, os comprovantes das despesas, como recibos e notas fiscais. Acha que, assim meio gaiata, a pseudotransparência prosperaria. O senador deseja também exibir publicamente o boletim administrativo e de pessoal, onde estão os atos de nomeação, demissão e remoção de pessoal, mostrar os contracheques dos senadores e ainda freqüência em plenário e comissões. Ele acaba de cortar um dreno de gastos públicos pelo qual todo convidado a debater no Senado e suas comissões técnicas ganhava a passagem do contribuinte. O diabo é que nada disso dá votos no Senado, pelo contrário. Então Tião Viana deve estar mesmo falando a verdade quando diz que não ambiciona a cadeira.
Viana disse tudo isso ao Informe JB na última quarta-feira, acompanhado de um desabafo: "Isso aqui é um caos. Não temos reconhecimento legislativo, não temos papel político e vivemos no noticiário da corrupção. Temos que chamar especialistas, fazer uma criteriosa pesquisa na opinião pública para mudar tudo".
Faroeste paraibanoO líder do PSOL na Câmara, Chico Alencar (RJ), promete pressionar o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, para votar o projeto que amplia a lei de inelegibilidades. A proposta fecha a porta da imunidade parlamentar a autores de crimes graves e réus confessos. A renúncia do tucano Ronaldo Cunha Lima (PB), para evitar o julgamento no STF por ter atirado em um inimigo político, chocou o país e provocou críticas ácidas do relator do caso no STF, Joaquim Barbosa. Alencar acha que a culpa também é do STF: "O episódio revela a extrema morosidade da Justiça. O caso tramita há 12 anos no Supremo".
Limite da conversaO ministro Walfrido Mares Guia, das Relações Institucionais, disse, durante uma audiência com a bancada capixaba esta semana, que nas negociações para reduzir a cobrança do imposto sobre cheques existe um teto. O limite para redução da alíquota da CPMF seria de 0,01% ponto percentual. "Se tiver que baixar é este o índice. Mais que isso não não agüentamos".
AcabrunhadoEm uma das reuniões sobre a prorrogação da CPMF todos observaram que o líder do governo, José Múcio Monteiro (PTB-PE), normalmente expansivo, estava meio retraído e sem graça. O nome dele estava circulando como possível substituto no cargo de coordenador politico do Palácio na hipótese de Mares Guia ser denunciado no mensalão tucano de Minas. "Quero dizer que eu não sou autor da informação e nem quero, até porque acho esse cargo um grande pepino".
Intriga candangaO vice-governador de Brasília, o empreiteiro Paulo Otávio (DEM-DF), que também acumula a Secretaria de Desenvolvimento, onde estão as principais obras do governo, abordou seu colega de partido, senador Adelmir Santana (DEM-DF) meio bravo. "Você está querendo minha secretaria?", cobrou. "Eu? Pergunte ao governador", desconversou Santana. É que o governador José Roberto Arruda prometeu entregar a secretaria de Paulo Octávio para Santana não abandonar os Democratas. Santana não mudou de partido e a promessa, até agora, nada.
FantasmasO ex-deputado Pinheiro Landim, do Ceará, voltou a circular com desenvoltura pelos gabinetes políticos de Brasília. Landim foi obrigado a renunciar ao mandato por duas vezes. Foi flagrado na operação Diamante, da Polícia Federal, em 2003, em um esquema de venda de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça que favoreciam traficantes da pesada. Ele esteve na semana passada com o ex-presidente dos Correios, João Henrique (PMDB-PI), que hoje preside a fundação de formulação políticas do partido.
PopularidadeMônica Veloso, pivô do escândalo Renan Calheiros (PMDB-AL), já fez fotos para revista, anda escrevendo um livro, será atração no carnaval do Rio e já prepara uma incursão na vida artística. Foi vista em um hotel paulista conversando detalhes de capítulos de novela com um diretor da Rede Record.
Fonte: JB Online