BRASÍLIA.A possibilidade da TV pública eventualmente ser transformada em instrumento de propaganda do governo é um risco admitido por Tereza Cruvinel. As experiências da América Latina - caso da VTV, na Venezuela de Hugo Chávez, e da Cubavisión, em Cuba - mostram emissoras frágeis diante da influência dos partidos no poder. Até na Inglaterra, a renomada BBC, tida como referência mundial de TV pública, sofreu pressões do então primeiro-ministro Tony Blair no noticiário da Guerra do Iraque.
- O que nós temos que assegurar quanto à TV pública é a sua natureza pública - disse Tereza, em audiência na Câmara. - Nós vamos fazer jornalismo sem adjetivos. Agora, eu não vou te assegurar que algum ministro não vá querer fazer alguma matéria a favor dele.
Em um dos seus artigos mais controversos, a medida provisória que cria a TV pública obriga todas as operadoras de TV por assinatura a ceder dois canais de sua programação para o governo, de graça. O lobby das emissoras de TV paga tem pressionado pela retirada desse item do texto da MP.
- Trata-se de um confisco de ativos que pertencem a essas operadoras - critica o presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura, Alexandre Annemberg, para quem poucas emissoras possuem espaços vagos para ceder esses canais sem nenhum tipo de compensação financeira. (K. C.)
Fonte: JB Online