BRASÍLIA. Com todo o lobby no Senado e na Câmara para devolver aos deputados e governadores o direito de criar municípios em pleno ano eleitoral, qualquer ligação disso com as campanhas é mera especulação, gritam os incentivadores da PEC 13/2003.
- A proposta tem resistências porque passa a imagem de que pode ser uma farra política - lamenta o senador Sérgio Zambiasi (PTB-RS). - Mas temos que pensar em termos de desenvolvimento. Podemos reparar onde há regiões mais desenvolvidas. É onde há mais municípios.
Mais enfático, o senador lembra que "não há perspectiva imediata de emancipação".
- E não haverá discurso eleitoreiro. O custo de criação é mínimo. Precisam de escolas? Construir escolas será bom. E uma Câmara com sete ou 11 vereadores não é cara - acrescenta o senador.
O deputado estadual Alexandre Postal (PMDB-RS), presidente da Unale e um dos entusiastas da Bancada da Emancipação, rebate de imediato qualquer insinuação de movimento político e ganho eleitoral.
- Não é um bonde de irresponsáveis que está à frente da proposta - ataca. - Há distritos em que o cidadão mora a 40 quilômetros da cidade, e onde passa uma viatura duas vezes por ano.
Para o parlamentar, a descentralização do poder da União na questão é fundamental para o desenvolvimento dos rincões, onde a verba municipal é escassa.
- Desafio alguém encontrar um município que seja pior do que antes, como distrito. A conversa de que é para criar cabos eleitorais é ultrapassada. Hoje em dia há internet, tevê, o povo é mais consciente.
Diante de todas as evidências de que o movimento cresce às vésperas das campanhas municipais - o que pode esquentar o clima político e rechear o pacote de promessas nos rincões - a preocupação do grupo para evitar o mote eleitoral é tão grande que, no encontro com o presidente interino do Senado, o deputado baiano Clóvis Ferraz (DEM) desabafou:
- Não queremos um festival. Queremos regras rígidas, mas que devolvam às assembléias a prerrogativa de legislar sobre o assunto.
Fonte: JB Online