domingo, novembro 11, 2007

Rei do café e dono da Ilha de Caras

Brasília. A prisão do empresário Cleber Marques de Paiva foi um choque para a cidade do Sul de Minas, Varginha, que ficou famosa na década passada por conta de histórias de discos voadores e ETs. Dono de uma infinidade de negócios, entre os quais se destacam fazendas na região com mais de dois milhões de pés de café, de uma Ilha em Angra dos Reis, no Rio - onde a revista Caras levava seus convidados - Paiva é uma celebridade na cidade. Seu mais importante negócio era, até a semana passada, o Armazéns Gerais Agrícolas Ltda, que detém a permissão para explorar o Porto Seco Sul, o maior do gênero em Minas Gerais e por onde passam 45% dos produtos de exportação do Estado - o café é o principal.
Os investimentos da família Paiva na região, segundo estimativas, alcançam cerca de US$ 500 milhões, divididos em várias atividades, entre elas um condomínio alfandegário com mais de 1 milhão de metros quadrados nas proximidades do Aeroporto de Varginha.
As investigações da Polícia Federal apontam que Paiva é suspeito de aliviar a situação de empresários em conversações com os auditores da Receita Federal presos por falsificar laudos de desembaraço de mercadoria para sonegar impostos de importação e exportação. Apanhado junto com outros nove acusados, Paiva foi indiciado na sexta-feira por formação de quadrilha, corrupção ativa e sonegação fiscal.
- A prisão foi abusiva. Não há nada que comprometa meu cliente. A Polícia Federal grampeou telefones, traduziu diálogos presumindo fatos (delituosos) e a Justiça aceitou - disse o advogado Luiz Fernando Valadão, que entrou com pedido de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, para tentar libertar o empresário.
Valadão afirma que seu cliente não oferecia qualquer ameaça ao andamento das investigações e garante que ele já sofreu prejuízos em decorrência da prisão: perdeu credibilidade e está com seus negócios ameaçados. Segundo o advogado, vários empresários querem romper contratos com a Armazéns Gerais Agrícolas Ltda.
Em 2003, a revista IstoÉ Dinheiro, publicou reportagem apontado Cleber Paiva como um dos novos ricos do interior do país. Depois de livrar-se de uma dívida de R$ 60 milhões, que perdurara nos sete anos anteriores, o empresário havia dado a volta por cima e dizia que, além dos negócios aplicados em fazendas de café e no Porto Seco Sul de Varginha, ainda tinha R$ 32 milhões em e excesso de liquidez, guardados nos cofres da holding da família, a Unecom, para investir em condomínios industriais e numa escola de pilotagem de avião.
Numa foto ao lado de seu Citation II de sua frota, avaliado na época em US$ 4 milhões, o empresário é apresentado como um dos maiores exportadores do país, condição que lhe dava o título de barão do café.
Fonte: JB Online