RIO - O Brasil tem 183,88 milhões de habitantes, quase dois milhões a menos do que indicavam as projeções feitas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pela contagem, cujo resultado ainda é preliminar. Em 1996, a população era de 156 milhões. Estimativas indicam que se for mantido o atual padrão reprodutivo (média de dois filhos por mulher), daqui a 50 anos a população deverá parar de crescer. Hoje, existem mais de dez mil pessoas com cem anos ou mais de idade no Pais. Os resultados preliminares da contagem deste ano foram divulgados ontem.
O número ainda não é definitivo porque prefeitos de todo o país, de olho no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), têm prazo de 20 dias para recorrer. “A apuração revela um contingente populacional inferior àquele que esperávamos encontrar: em torno de dois milhões de pessoas não existentes, porque projetávamos a população com base em padrões reprodutivos da virada de 1990 para 2000”, declarou o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes. A diferença é ainda maior se o resultado for comparado com a população estimada exibida no site do IBGE na internet, o chamado PopClock, que ontem era de 189,8 milhões.
Nunes explicou que a contagem de 2007 refere-se a 1º de abril, e o PopClock é uma projeção para o dia (5 de outubro, no caso). Além disso, está superestimado porque é apoiado em dados do Censo 2000. O PopClock será atualizado, disse Nunes, após a divulgação do resultado oficial da contagem, prevista para o dia 31. Apesar da redução do número de habitantes, o IBGE constatou aumento do número de domicílios: quase dois milhões a mais. “Mais domicílios visitados e menos população. É uma mudança no padrão da família brasileira: muitas casas com uma pessoa morando, arranjos familiares novos”, avaliou o presidente.
A contagem mostrou que a população do país continua crescendo, mas o ritmo é menor do que nos últimos anos. “A fecundidade urbana continua caindo, mas verificamos queda também na área rural.” Segundo projeções do IBGE, haverá crescimento populacional nos próximos 50 anos. A partir da década de 2060, haveria redução da população, se forem mantidos os padrões atuais. Uma curiosidade: o IBGE estima que será de 260 milhões a população em 2060. Se a taxa de fecundidade não tivesse caído nas últimas décadas e fosse mantido o padrão de 1960, esta seria a população do Brasil hoje, disse Nunes.
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Atrasos na contagem
O aumento da longevidade também foi destacado pelo presidente do IBGE. Para ele, a marca de dez mil pessoas com cem anos ou mais de idade é resultado da “oferta de campanhas e programas de saúde realizada no passado”. Nunes não soube informar o total de pessoas nesta faixa etária apurado na contagem anterior. “Era um número tão disperso que até a divulgação do último Censo o cálculo com precisão era feito até 80 anos ou mais de idade.”
A contagem deveria ter sido feita em 2005, mas atrasou por “questão orçamentária”, segundo o IBGE. Este ano, havia uma previsão inicial de divulgação dos resultados finais em 31 de agosto, mas a data foi adiada para 31 de outubro. O IBGE alegou que foram encontrados muitos domicílios fechados, o que provocou atraso, porque os técnicos precisaram voltar para fazer as entrevistas. São Paulo é o município mais populoso, com 10,88 milhões de pessoas, seguido por Rio (6,09 milhões), Salvador (2,89 milhões), Brasília (2,45 milhões), Fortaleza (2,43 milhões), Belo Horizonte (2,41 milhões), Curitiba (1,79 milhão), Manaus (1,61 milhão), Recife (1,53 milhão) e Porto Alegre (1,42 milhão).
A contagem foi realizada em 5.414 municípios com até 170 mil habitantes e em mais 21 municípios situados em 14 estados onde um ou dois excedem esse teto populacional. Além da população recenseada nos municípios, os resultados incluem uma parcela estimada para os chamados domicílios fechados. (AE)
Fonte: Correio da Bahia