quinta-feira, novembro 27, 2025

Casa do Barão de Jeremoabo pode se tornar patrimônio cultural.



Publicado em: 12/07/2019 15:35
Editoria: Notícia


O deputado Jacó (PT) quer que o Estado da Bahia reconheça como patrimônio cultural imaterial a Casa do Barão de Jeremoabo, na fazenda Caritá, no município baiano de Jeremoabo. Para tanto, apresentou o Projeto de Lei 23.398/2019 na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA).


O parlamentar insere como justificativa um texto do estudioso Roberto Ventura, professor de teoria literária na Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro “Estilo Tropical”, para lastrear a proposta e recuperar o prédio histórico que, segundo o petista, encontra-se em ruínas.
Aparecem nos parágrafos referências ao Barão de Jeremoabo – o fazendeiro, usineiro e político baiano Cícero Dantas Martins – em obras dos escritores Mario Vargas Llosa e Euclides da Cunha. Segundo o professor da USP, Llosa criou, no romance “A Guerra do Fim do Mundo”, a figura do barão de Canabrava inspirada na liderança baiana de Jeremoabo. 


A visão de mundo do Barão de Jeremoabo reaparece – aponta o estudo – nas entrelinhas de “Os Sertões”, ensaio histórico de 1902 em que Euclides da Cunha denunciou a atuação do governo, do exército e da igreja no extermínio da comunidade do Belo Monte ou Canudos, no nordeste da Bahia. Trata-se de citação de carta do barão, em 1897, ao Jornal de Notícias, de Salvador, “para se defender das acusações de ser monarquista e de atuar como aliado do Conselheiro”. 


Outros registros, que fizeram o barão entrar para a literatura e a história, são descritos na justificativa: o chefe da região de Itapicuru e Jeremoabo, estendendo seu prestígio até Inhambupe e formando, segundo o folclorista Câmara Cascudo, uma imensa teia que se articulava aos seus dedos e cobria léguas e léguas, numa sucessão de engenhos, fazendas, sítios, povoados. 


Nascido em 1838 na fazenda Caritá, no município de Jeremoabo, Cícero Dantas Martins teve título de barão concedido por D. Pedro II. 

https://www.al.ba.gov.br/midia-center/noticias/37345


Nota da Redação Deste Blog - 

✊ Chamado à Ação: Como a Sociedade Civil Pode Forçar o Tombamento em Jeremoabo

Diante da inércia da Câmara de Vereadores, a preservação da história de Jeremoabo deve passar pela mobilização da própria sociedade civil. O tombamento de bens como o Casarão do Coronel João Sá e a Residência do Barão de Jeremoabo não pode esperar pelo despertar político.

Tomando como exemplo o Terreiro em Lençóis, cujo processo de tombamento foi iniciado por uma associação local, a sociedade jeremoabense precisa agir estrategicamente:

Passos Imediatos para a Sociedade Civil:

  1. Criação de um Comitê Provisório:

    • Formar um grupo ou comitê interassociativo, envolvendo historiadores locais, professores, advogados e líderes comunitários. O nome pode ser algo como "Comitê de Preservação Histórica de Jeremoabo".

  2. Elaboração da Carta de Solicitação (Dossiê Inicial):

    • O comitê deve elaborar uma carta formal e documentada, que ateste o valor histórico e arquitetônico dos prédios. Este dossiê deve incluir fotos, dados biográficos das figuras associadas (Barão, Coronel João Sá) e referências bibliográficas que comprovem a relevância das edificações para a história regional.

  3. Encaminhamento aos Órgãos Competentes:

    • A solicitação formal de tombamento deve ser protocolada, simultaneamente, em três esferas:

      • Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional): Para tombamento federal (embora seja mais complexo).

      • IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia): Para tombamento estadual, que é mais acessível e frequentemente eficaz em municípios do interior.

      • Ministério Público Estadual (MP-BA): O MP tem o poder de abrir inquéritos civis para proteger o patrimônio público e forçar o município a agir contra a ruína de bens de valor.

  4. Pressão Pública e Midiática:

    • Utilizar blogs, rádios e redes sociais para divulgar a iniciativa e pressionar a Câmara de Vereadores a dar andamento ao processo de criação de uma Lei Municipal de Tombamento. A pressão midiática garante que o descaso com a história se torne um custo político.

A história de Jeremoabo está, literalmente, nas mãos da comunidade. A inação custa um legado; a mobilização garante a preservação da alma da cidade.(José Montalvão)