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No avião, Trump diz que vai sobretaxar todos os países
Jamil Chade
do UOL
O presidente Donald Trump anunciou neste domingo que vai elevar as tarifas para o aço e alumínio de todos os países. A decisão será assinada nesta segunda-feira e vai colocar uma taxa de 25% sobre os produtos.
O Brasil será um dos países mais afetados, com taxas que podem impactar US$ 6 bilhões em vendas. Procurado, o Itamaraty indicou que não iria comentar por enquanto a declaração de Trump.
SEM DISTINÇÃO – “Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%”, disse o presidente a jornalistas que voavam com ele no Air Force One, para assistir ao Super Bowl em Nova Orleans. Questionado se a taxa valeria para alumínio, ele confirmou.
Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio. Ao longo dos anos, acabou negociando cotas para Canadá, México e Brasil.
Os Estados Unidos são destino importante das exportações brasileiras dos setores de ferro e aço e alumínio. Em 2024, o Brasil vendeu US$ 11,4 bilhões no setor de ferro e aço para o mundo, sendo que 48,0% (US$ 5,7 bilhões) foram direcionadas para os Estados Unidos, e US$ 1,6 bilhão no setor de alumínio, sendo 16,8% (US$ 267,1 milhões) aos Estados Unidos, segundo um recente informe da Câmara de Comércio Brasil EUA.
SOBRETAXA E COTA – “Investigações sobre ameaça à segurança nacional relacionadas às importações foram levadas a cabo no primeiro mandato do governo Trump para determinados produtos de aço e alumínio e resultaram em uma sobretaxa de 10% para alumínio e quota com limitação de exportação para o aço”, lembrou o documento.
“O Brasil, um dos maiores fornecedores aos Estados Unidos, foi afetado principalmente em bens semimanufaturados de aço”, revela a Câmara de Comércio.
Produtos semi-acabados de ferro ou aço ocupam o segundo lugar entre os itens mais exportados do Brasil para os EUA. Em 2024, o volume chegou a US$ 3,5 bilhões.
SOBRETAXA GERAL – O presidente americano não explicou quando as tarifas entrariam em vigor. Mas garantiu que todos os países serão afetados. O setor é um dos grandes responsáveis por sua vitória em estados considerados como estratégicos. O gesto de Trump, portanto, está sendo visto como uma retribuição.
Conforme o UOL havia revelado com exclusividade, o setor do aço era considerado como um potencial alvo de Trump.
O presidente ainda confirmou que, entre terça-feira e quarta-feira, irá anunciar sua política comercial na qual vai estabelecer o princípio da reciprocidade. Na prática, os EUA irão taxar países que aplicam tarifas contra seus produtos. “Se eles estão nos cobrando 130% e nós não estamos cobrando nada deles, isso não vai continuar assim”, disse.
RETALIAÇÕES – A reportagem do UOL antecipou como o setor privado brasileiro e o governo Lula se preparam para o que poderia ser a primeira onda de tarifas de Donald Trump contra o país, já a partir dos próximos dias.
A preocupação é de que as taxas ou barreiras possam ser aplicadas em setores como o aço, ou como retaliação numa pressão para que o mercado de etanol do Brasil seja aberto ao produto americano.
Como resposta, o governo já começa a preparar uma lista de produtos americanos que poderiam ser retaliados, caso as exportações nacionais sejam afetadas, assim como começa a ser feito um mapeamento de como as cadeias de fornecimentos e de produção seriam afetadas.
BRASIL É CITADO – A percepção se acentuou na sexta-feira, quando o presidente americano informou que, no começo da próxima semana, anunciaria “tarifas reciprocas” contra diferentes economias em todo o mundo.
Trump já citou em duas ocasiões o Brasil como exemplo de locais onde as tarifas contra produtos americanos são elevadas e onde os EUA não seriam tratados de forma “justa”.
Um levantamento da Câmara Americana de Comércio (Amcham) indicou que o saldo positivo para os EUA já dura uma década. Em 2024, as exportações brasileiras para os EUA atingiram um volume recorde de US$ 40,3 bilhões em 2024. Mas as importações brasileiras provenientes dos EUA totalizaram US$ 40,6 bilhões, aumento de 6,9% em relação a 2023.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Ninguém é bonzinho no comércio. No governo de Ronald Reagan, os EUA enfraqueceram o Proálcool, ao sobretaxarem o etanol brasileiro. Nossos produtores tinham de vender a intermediários no Caribe, que revendiam aos Estados Unidos, sem nada produzir. Agora, os Estados Unidos usam o etanol como combustível flex. Plantaram cana adoidado na Califórnia e outros Estados, são os maiores produtores do mundo, querem exportar para o Brasil. E vida que segue, como dizia João Saldanha. (C.N.)