segunda-feira, fevereiro 03, 2025

PT faz último esforço para tentar convencer aliados e conquistar cadeira na Mesa Diretora da Assembleia após ceder 1ª vice

 Foto: Divulgação/Arquivo

Plenário da AL-BA03 de fevereiro de 2025 | 09:51

PT faz último esforço para tentar convencer aliados e conquistar cadeira na Mesa Diretora da Assembleia após ceder 1ª vice

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O PT ainda tenta chegar a um entendimento dentro da Federação Brasil da Esperança, formada pela sigla junto com o PV e o PCdoB, e outras lideranças partidárias na Assembleia Legislativa para ocupar uma cadeira na Mesa Diretora da Casa pelos próximos dois anos, na eleição que acontece nesta segunda-feira (03), a partir das 14h30, no plenário, em votação secreta por meio de cédula de papel.

Desde que o deputado petista Rosemberg Pinto, líder do governo, retirou a candidatura a 1º vice-presidente, em acordo firmado na noite da última quarta-feira (29), conforme mostrou com exclusividade o Política Livre (clique aqui para ler), o PT negocia com aliados um espaço no colegiado que auxilia o presidente na direção da Assembleia.

As conversas aconteceram até no final de semana, mas sem consenso. O PT pleiteia a 2ª vice-presidência, que atualmente está com o PV. Atual titular da cadeira, o deputado Marquinho Viana afirmou na semana passada ao site que almeja disputar a reeleição (clique aqui para ler), mas o site apurou que ele está disposto a negociar.

Rosemberg, que foi criticado por correligionários do partido pela decisão de deixar a disputa pela 1ª vice (clique aqui para ler), consultou outros deputados e lideranças com assento na Mesa Diretora para saber se alguém estaria disposto a ceder a cadeira, mas sem sucesso.

Se houver bate-chapa entre um deputado do PT e outro parlamentar por um espaço na Mesa Diretora, os petistas ficam em desvantagem. O sentimento na Assembleia é que o partido optou por se sacrificar em função do acordo firmado com os líderes partidários e o governador Jerônimo Rodrigues.

Mais influência

A Mesa Diretora da Assembleia é composta por oito cargos e tem a função de deliberar sobre honrarias e homenagens propostas por parlamentares; decidir sobre pedidos de licença dos mesmos; julgar as licitações da Casa; cuidar do quadro de pessoal; e opinar sobre mudanças no regimento interno. Entretanto, o Legislativo baiano é fortemente presidencialista, o que esvazia a força do colegiado.

Por isso, a cadeira mais importante é a do presidente, no qual o deputado Adolfo Menezes (PSD) concorre à reeleição. Pelo acordo firmado na semana passada, o PT abriu mão da 1ª, que tem como candidata única até aqui a deputada Ivana Bastos (PSD). Essa cadeira se tornou a mais cobiçada na eleição deste ano em função da insegurança jurídica da reeleição de Adolfo, por conta da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) contra a segunda recondução.

Existem ainda outras duas vice-presidências. A 3ª pertence ao PP, e o indicado até aqui é o deputado Hassan. A 4ª está com o Podemos. A função dos vices é de mera substituição. Todos os ocupantes atuais são da base governista, o que não deve mudar.

Há quatro secretarias na Mesa Diretora, que, segundo o regimento, têm a função de auxiliar o presidente na condução dos trabalhos e na gestão. A mais importante é a 1ª que está com a oposição – o indicado para a eleição de hoje é o deputado Samuel Júnior (Republicanos). Uma das atribuições do 1º secretário seria o de superintender os trabalhos administrativos da Assembleia e fiscalizar as despesas, o que não ocorre na prática na Casa presidencialista.

As outras três secretarias devem ficar, respectivamente, com o União Brasil (a indicada é a deputada Kátia Oliveira), o PL (Vitor Azevedo deve ser reeleito) e com o PCdoB (o nome cotado é o de Olívia Santana, se não houver um acordo com o PT para que um petista assuma a cadeira).

Além de mais cargos de livre nomeação política e influência para indicar apoiadores em funções terceirizadas na Assembleia, o deputados que integram a Mesa Diretora possuem um gabinete extra e tem mais visibilidade.

Vale lembrar que o colegiado conta também com os suplentes e há outros cargos diretivos na Assembleia que podem entrar numa negociação para que o PT tenha acento no colegiado, que são a corregedoria, a procuradoria, a ouvidoria e a procuradoria da mulher.

História petista

A primeira vez que o PT conquistou uma cadeira na Mesa Diretora da Assembleia Legislativa da Bahia foi no biênio 1995-1997. Na época, o presidente da Casa era o atual senador Otto Alencar (PSD), e o petista indicado foi Guilherme Menezes, ocupando a 4ª secretaria – o governo era o de Paulo Souto.

No segundo governo de Paulo Souto, outro petista, o atual deputado federal Waldenor Pereira, parlamentar que também fez carreira política em Vitória da Conquista, a exemplo de Guilherme Menezes, ocupou a 2ª vice-presidência. O presidente da Assembleia na época era Clóvis Ferraz.

Nos governos do PT, o partido passou a ocupar frequentemente cargos na Mesa Diretora. Alcançou a 1ª vice, então de forma inédita, em 2013, com Yulo Oiticica, na presidência de Marcelo Nilo, então aliado dos petistas. Em 2021, chegou a ocupar três cadeiras no colegiado.

Na legislatura que se encerrou agora em fevereiro, o petista José Raimundo foi o titular da 1º vice – ele chegou a substituir Adolfo Menezes diversas vezes nos últimos dois anos, em função das constantes viagens pessoais ao exterior do chefe do presidente.

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