sábado, fevereiro 01, 2025

Na saideira de Lira, Cunha abençoa Hugo Motta na direção da Câmara


Eduardo Cunha foi atração na festa de Arthur Lira

Raquel Landim e Carla Araújo
do UOL

Era quase meia-noite quando Eduardo Cunha chegou à residência oficial da Câmara dos Deputados nesta sexta-feira (1). Bastante magro e vestindo uma calça jeans e uma camisa quadriculada, ele foi recebido com abraços e risadas pelo atual presidente da casa, Arthur Lira (PP), e por outra estrela da noite: Hugo Motta (Republicanos).

“Ele aprendeu muito, conviveu com todo mundo”, disse Cunha ao UOL ao ser questionado sobre o que espera de Motta como presidente da casa que ele presidiu entre 2015 e 2016 antes de renunciar ao cargo acusado de corrupção.

PLACAR ALTO – Cunha não quis arriscar quantos votos Motta terá neste sábado, mas assim como todos os parlamentares da festa apostava em um placar alto.

Com uma coalizão que vai do PT ao PL, Motta é considerado um pupilo político de Cunha, o algoz do impeachment de Dilma Rousseff. O jovem deputado presidiu a CPI da Petrobras, que ajudou a desgastar a presidente.

Hoje Motta tem a confiança do PT, que o considerou uma opção mais palatável do que Elmar Nascimento (União Brasil), o preferido de Lira.

FESTA DE ARROMBA – Na noite de ontem, também estavam na festa de despedida de Lira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o deputado Zeca Dirceu, e o deputado Lindenberg Farias, entre outras figuras importantes do partido do presidente Lula.

O próprio Motta só chegou no jantar, que começou às 20 horas, quando já se aproximava das 23 horas. Alguns diziam que era para não roubar os holofotes de Lira.

Várias apostas de placar circulavam entre os presentes e alguns chegavam a dizer que Motta pode ter 490 votos – mais do que os 464 alcançados por Lira.

CLIMA DE ARTICULAÇÃO – Lira não se queixava e comentava com um grupo de deputados que Motta pode mesmo bater seu recorde, já que, quando ele foi eleito dois anos atrás, alguns petistas ainda estavam receosos. Hoje o clima ruim com o PT já passou.

Cunha concorda que o placar vai ser amplo e diz que a eleição da Câmara não é um pleito “normal”, mas de “articulação”.

Questionado sobre como deve ser a relação de Motta com Lula, o autor do impeachment de Dilma diz que vai ser “boa”. “Quem vem do consenso, não consegue ir para o conflito”. Cunha foi do conflito, Motta, provavelmente, vai ser do consenso.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Nada mudou, sem mudará. Reina a esculhambação em Brasília, onde corruptos de carteira assinada, como Eduardo Cunha, são festejadas publicamente. “Que país é esse?”, perguntou Francelino Pereira, no regime militar. E até hoje ninguém soube responder(C.N.)