Publicado em 26 de julho de 2023 por Tribuna da Internet
Nelson de Sá
Folha
A subsecretária de Estado dos EUA, Victoria Nuland, encontrou-se em Brasília com o assessor especial de Lula, Celso Amorim, “para aprofundar nossa cooperação em questões globais vitais”. Segundo ela, “a relação EUA-Brasil segue forte graças ao nosso compromisso compartilhado com a democracia”, entre outras razões.
Semanas antes, como noticiou a CNN, entre críticas da MSNBC ao Guardian, o diplomata Elliott Abrams foi nomeado por Joe Biden para sua Comissão sobre Diplomacia Pública. Ele é lembrado por passagens como a “campanha para trocar” o governo venezuelano, o escândalo Irã-Contras e “o maior assassinato em massa na história recente da América Latina”, em El Salvador.
BRASIL E IRÃ – Abrams estava no Council on Foreign Relations, organização influente na política externa americana, e seu texto mais recente destacou que Lula não recebeu o presidente do Irã, em visita à região: “Será que Lula enfrentou reação forte o suficiente, ao seu abraço em Nicolás Maduro, para persuadi-lo de que a visita do iraniano era muito arriscada?”.
Na revista do CFR, Foreign Affairs, o brasileiro Matias Spektor, ligado à FGV e à organização Carnegie, publicou o artigo “O lado bom da hipocrisia ocidental” ou, mais precisamente, americana. Defende que “a hipocrisia ocidental pode ser benéfica” e “a alternativa – um mundo em que as potências nem se preocupam em justificar suas ações com valores morais – seria mais prejudicial”.
Em suma, “o Sul global deve reconhecer que crítica demais à hipocrisia pode colocar em risco a cooperação internacional ao gerar cinismo”.
LULA ANTIAMERICANO? – De sua parte, a Americas Society/Council of the Americas publicou na Americas Quarterly o artigo “Lula é antiamericano?”.
Brian Winter, vice da organização, escreve que “Lula e Amorim parecem acreditar que, para que o Sul Global se erga, o Brasil deve trabalhar para derrubar ou enfraquecer os pilares da ordem liderada pelos EUA”.
Para ele, “a evidência mais clara é a incansável defesa de que os países abandonem o dólar”. Por outro lado, “não é realista esperar grande mudança sem a reformulação total da equipe de política externa de Lula —o que quase ninguém em Brasília espera que aconteça. Isso significa que Washington precisa descobrir como lidar com a situação”.
GUERRA DA SOJA – Na notícia da Bloomberg, “Brasil está empurrando os EUA para fora do maior mercado de soja do mundo”.
No texto: “O mercado da soja é dominado por um comprador: a China. Há anos o Brasil tira dos EUA parcela cada vez maior. Agora começa a dominar até a baixa temporada. Os chineses estão comprando a soja brasileira para outubro, época em que as exportações dos EUA estão no auge. As vendas acontecem no momento em que o Brasil colhe safra recorde e oferece preços muito mais baixos. Refletem também o plano de Lula de buscar laços mais estreitos com a China como parte de seu plano de crescimento para a maior economia da AL.”