Publicado em 27 de junho de 2023 por Tribuna da Internet
Guilherme Amado, Edoardo Ghirotto e Natália Portinari
Metrópoles
O senador Hamilton Mourão, do Republicanos do Rio Grande do Sul, negou que tenha dito ao ex-embaixador americano no Brasil Thomas Shannon que temia um golpe de Bolsonaro, conforme noticiaram Michael Stott, Michael Pooler e Bryan Harris no Financial Times. Mas, embora Mourão negue, a conversa foi presenciada por uma terceira pessoa.
À coluna Mourão disse que o diplomata “viajou na maionese” na entrevista ao jornal britânico. Shannon foi embaixador em Brasília entre 2010 e 2013. Ele deu a declaração para uma reportagem que narrava os esforços do governo americano para dissuadir as Forças Armadas brasileiras de embarcar numa aventura golpista.
DISSE MOURÃO – “O Thomas Shannon está viajando na maionese. Não tive uma conversa isolada com ele. Ele me fez perguntas sobre a situação política nessa reunião com investidores, que, se eu não me engano, foi na Câmara de Comércio em Nova York, em julho, e depois não tive nenhuma conversa em particular com ele dizendo que eu estava preocupado”, afirmou Mourão.
Shannon disse que teve a conversa com Mourão no elevador, após um jantar privado com investidores, em julho do ano passado, em Nova York.
“Quando a porta estava se fechando, eu disse a ele: ‘Você sabe que sua visita aqui é muito importante. Você ouviu as preocupações das pessoas que estavam à mesa. E eu compartilho dessas preocupações. Para ser franco, eu estou muito preocupado [com um golpe]’. Mourão virou-se para mim e disse: ‘Eu também estou preocupado’”, afirmou Shannon ao Times.
No elevador, além de Shannon e Mourão, estava a CEO e presidente da America Society/Council of the Americas, Susan Segal. E, a quem lhe pergunta, Segal responde que Mourão de fato disse estar preocupado.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – É incabível cobrar de Mourão uma reprodução exata da conversa. Ao comentar que também estava preocupado, Mourão podia estar se referindo apenas à situação da política brasileira em geral, devido ao radicalismo da polarização que se verificava à época, na pré-campanha eleitoral. Aliás, esse Thomas Shannon é um boquirroto enxerido, como se diz no Nordeste. Diplomata que se preza não fica a fazer revelações a jornalistas, porque sabe que a discrição é sua grande arma. (C.N.)