quinta-feira, abril 27, 2023

Governo precisa ampliar o apoio à agricultura familiar, que perdeu renda devido à pandemia


 (crédito:         Ed Alves/CB/D.A Press                            )

Aristides Santos mostra que é preciso retomar os incentivos

José Carlos Werneck

Em entrevista concedida em 07/08/2021 ao programa CB Agro, da TV Brasília, o então presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos, afirmou que o governo precisa apoiar a chamada agricultura familiar, que é responsável por produzir grande parte dos alimentos hortifrutigranjeiros que chegam à mesa dos brasileiros.

O assunto continua atualíssimo e de lá para cá nada mudou.

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DESMONTE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS AFETOU AGRICULTURA FAMILIAR
João Vitor Tavarez
     Correio Braziliense

Apesar da importância que a agricultura familiar tem para a sociedade, o segmento não vem recebendo apoio suficiente do governo, segundo o ex-presidente da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (Contag), Aristides Santos.

“Há um desmonte das políticas públicas, principalmente no campo, o que aumenta as dificuldades. Não é de hoje a forma como o Brasil tem tratado a agricultura familiar, mas ao longo de toda a sua história”, afirmou Santos, em entrevista ao CB.Agro, programa realizado em parceria pelo Correio Braziliense e TV Brasília.

MENOS RECURSOS – Aristides Santos disse que o orçamento da União diminuiu os recursos alocados nas áreas indígenas e quilombolas e para assistência técnica a pequenos produtores. “Já chegamos a ter R$ 600 milhões no orçamento para assistência técnica. Hoje está em R$ 31 milhões”, apontou.

A importância dessa área, disse ele, é que o crédito a um agricultor familiar é como o investimento ao microempresário. “Se o profissional fizer um projeto bem orientado tecnicamente, pensando em todas as condições, a chance de dar certo é muito maior”, afirmou.

O presidente da Contag relatou que o segmento teve redução na produção durante a pandemia do novo coronavírus, em função do distanciamento social. “Caso o governo tivesse facilitado a comercialização de produtos ou prorrogado parcelamento de dívidas, o segmento teria mais apoio no trabalho. Mas não aconteceu”, argumentou Aristides Santos.

RENDA DIMINUIU – Segundo ele, “metade das famílias de agricultores perdeu renda na pandemia”. A pandemia trouxe também novos comportamentos em relação à saúde e ao meio ambiente. Um deles foi a procura por alimentos orgânicos, que, apenas entre março e outubro de 2020, aumentou 44,5%, segundo pesquisa da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis).

“Nós, do movimento sindical, trabalhamos muito na conscientização dos agricultores, incentivando o trabalho dentro da linha da agroecologia, saindo dos modelos que fazem o uso de venenos ou adubos químicos”, explicou Aristides.

De acordo com o representante da Contag, quanto mais agricultura familiar atender à procura por alimentos saudáveis, melhor para o setor, que terá um diferencial de mercado.