Publicado em 1 de abril de 2023 por Tribuna da Internet
Bianca Gomes
São Paulo
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contou nesta sexta-feira, em palestra na Fundação FHC, as histórias relatadas nas visitas aos presos por envolvimentos nos atos de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, que demonstram a “alienação” de alguns. Entre os casos está o de uma pessoa que afirmou ter atendido um “pedido de Deus” para rezar embaixo da cadeira do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
– Eu fui no presídio com a ministra Rosa (Weber). Há várias pessoas alienadas, que acham que não fizeram nada, que era liberdade de manifestação. Uma delas chegou a dizer que estava passando por perto, viu (o ato de depredação) e aí ela ia orar e Deus disse para ela se refugiar embaixo da mesa do presidente do Senado. Só por causa disso ela entrou. É um negócio assustador – afirmou o ministro.
BIG TECHS – Moraes voltou a defender a responsabilização das big techs e disse que elas devem responder em cima daquilo que elas ganham dinheiro: engajamento, monetização e o que os algoritmos direcionam.
O ministro ainda disse que as redes sociais perceberam que a instrumentalização que elas sofreram no dia 8 de janeiro, por “omissão conivente”, a médio e longo prazo se voltará contra elas. Por isso mesmo, há um consenso sobre a necessidade de se debater a regulamentação. O que precisa ser discutido agora, segundo Moraes, são os “métodos de controle ou de regulação”.
Para ele, no entanto, alguns tópicos já estão “claros”. “Não é mais possível que juridicamente elas (big techs) continuem sendo consideradas empresas de tecnologia, sem nenhuma responsabilidade pelo que divulgam” – afirmou o ministro.
PELO FATURAMENTO – “Nós não queremos juridicamente nada mais e nada menos para o mundo virtual do que o que existe no mundo real. Elas (big techs) devem ser tipificadas ou pelo menos consideradas iguais a empresas de mídia e de publicidade. Qual empresa mais faturou no mundo em publicidade? Google. Se fatura com publicidade, não é uma empresa de tecnologia só” – declarou.
O ministro também citou a adoção de filtros, que afirmou não configurar censura. Ele usou como exemplo os métodos utilizados pelas empresas para barrar conteúdos de pedofilia e pornografia infantil. Muitas dessas publicações saem do ar somente com o uso de inteligência artificial.
– Noventa e três porcento dos vídeos pedófilos saem do ar antes de receberem uma curtida. Outros 7% ou 8%, quando há duvida, são direcionados para uma equipe, que decide rapidamente. Por que não fazer isso para discurso nazista, racista e contra a democracia que está tipificado em lei? – questionou Moraes, lembrando ainda que as plataformas já investem em filtros para evitar indenizações milionárias por direitos autorais.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Realmente, o fanatismo tem de ser considerado assustador. Agora, o preso que ia explodir o caminhão de querosene no aeroporto está se dizendo arrependido. Deveria ter pensado melhor sobre a possível consequência de seus atos. Agora é tarde. (C.N.)