Publicado em 7 de março de 2023 por Tribuna da Internet
Matheus Leitão
Veja
Jair Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle já esperavam pelo escândalo das joias e deixaram a defesa preparada, incluindo reações para as redes sociais. Apreensivos com a chegada do PT ao poder – e com todos os movimentos suspeitos que fizeram para reaver as joias apreendidas pela Receita –, decidiram preparar com antecedência uma “narrativa” sobre o caso revelado pelo Estadão.
Foi em reunião com auxiliares da área jurídica e de comunicação que surgiu a ideia da primeira reação de surpresa de Michelle no Instagram, colocando a culpa na imprensa:
DISSE MICHELLE – “Quer dizer que eu tenho tudo isso e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein? Estou rindo da falta de cabimento dessa imprensa vexatória”.
Como a coluna mostrou, o “presente das arábias” é escandaloso para Michelle não só do ponto de vista ético, moral e jurídico, mas também religioso. Agora, se torna ainda pior porque mostra a preocupação prévia com o escândalo, assim como as reações “arranjadas” para conter danos de imagem.
O próprio ex-presidente foi a público para dizer que “está sendo acusado de um presente que não pediu nem recebeu”. Não faz muito sentido, já que o ex-mandatário se esforçou para retirar as valiosas peças das mãos da Receita. É o que mostra a imprensa até aqui.
MUDANDO DE ASSUNTO – Depois, Bolsonaro ainda usou o cartão corporativo – método de gastos do governo conhecido do grande público – como “álibi”, mesmo que uma coisa não tenha nada a ver com a outra.
“Não existe qualquer ilegalidade da minha parte. Nunca pratiquei ilegalidade. Veja o meu cartão corporativo pessoal. Nunca saquei, nem paguei nenhum centavo nesse cartão.”
É parte da narrativa, criando a ideia de que uma grande injustiça está sendo cometida contra eles.
NOVO ASSESSOR – A ex-primeira-dama e seu marido ainda foram ajudados por Fabio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência na gestão de Bolsonaro e que agora voltou a Brasília para assessorá-lo, contratado pelo PL.
Wajngarten foi às redes sociais, com uma série de manifestações e documentos, para dizer que nem o ex-presidente, nem Michelle sabiam do presente de R$ 16 milhões.
Inverossímil, mas tudo parte da estratégia.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Wajngarten não é advogado e bolou uma estratégia de defesa que acaba complicando a situação de Bolsonaro, porque demonstra que o então presidente só se preocupou em incorporar as joias ao acervo da União depois que falharam as oito tentativas de usurpá-las. E a ganância era tamanha que até quebraram a estatueta equestre de ouro, para que coubesse na mochila do assessor. A estatueta tinha uma sólida base de madeira com uma placa indicando o nome do escultor, vejam a que ponto chegou a decadência dos políticos brasileiros, pois Lula continua na Justiça, tentando se apoderar das 133 joias e obras de arte que surripiou ao deixar a Presidência. (C.N.)