segunda-feira, dezembro 05, 2022

‘Muito além do aceitável’, Trump é criticado após defender fim da Constituição dos EUA

Publicado em 4 de dezembro de 2022 por Tribuna da Internet

Donald Trump fala durante um comício de campanha no aeroporto Cecil em Jacksonville, FlóridaREUTERS - 24/09/2020

Trump tem uma impressionante capacidade de falar asneiras

Deu em O Globo

A Casa Branca e parlamentares democratas fizeram críticas veementes neste domingo ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que na véspera defendeu o fim da bicentenária Constituição americana. Entre republicanos, contudo, a resposta ao comentário do antigo mandatário — que pleiteia voltar ao Salão Oval em 2024 — foi mais contida.

Em um comunicado, Andrew Bates, porta-voz da Casa Branca, disse que a Carta escrita em 1787 e ratificada no ano seguinte é “sacrossanta” e que “há mais de 200 anos vem garantindo que a liberdade e o Estado de direito prevaleçam no nosso grande país”:

JURAM RESPEITÁ-LA – “A Constituição une o povo americano — independentemente do partido — e líderes eleitos devem jurar respeitá-la”, diz a nota. “Atacar a Constituição e tudo que ela significa é um anátema para a alma da nação e deve ser universalmente condenado. Você não pode apenas amar os EUA quando ganha.”

Andrew Bates respondia a uma postagem feita por Trump na noite de sábado no Truth Social, rede social que ele próprio criou, contestando o resultado do pleito de dois anos atrás, em que os americanos elegeram Joe Biden para a Presidência. Antes mesmo da votação acontecer, o republicano questionava sua lisura, apesar de não haver quaisquer evidências de fraude sistêmica.

“Então, com esta revelação de fraude maciça e disseminada e trapaças ao trabalhar ao lado de grandes empresas de tecnologia, do Comitê Nacional Democrata e do Partido Democrata, você joga fora o resultado das eleições presidenciais de 2020 e declara o vencedor legítimo ou faz uma nova eleição?”, indagou Trump. “Uma fraude maciça deste tipo e magnitude permite a rescisão de todas as regras, regulamentos e artigos, inclusive aqueles encontrados na Constituição.”

ALEGAÇÕES DE MUSK – Trump referia-se a alegações feitas pelo bilionário Elon Musk, o novo dono do Twitter, de que a rede social é culpada de “suprimir a liberdade de expressão”, divulgando supostas evidências de como a plataforma respondeu a pedidos das campanhas democrata e republicana em 2020.

Musk e sua equipe deram ao autor de newsletter Matt Taibbi acesso a “milhares de documentos internos” sobre como e empresa limitou o alcance de postagens sobre uma matéria do New York Post que tratava de informações que supostamente estavam no computador de Hunter Biden, filho do atual presidente americano.

Na época, há três semanas das eleições, o Twitter disse que bloquearia a reportagem do tabloide nova-iorquino afirmando que violava sua política contra materiais roubados e hackeados — decisão que gerou críticas maciças entre republicanos. Menos de 48 horas depois, o então diretor executivo da plataforma, Jack Dorsey, voltou atrás.

EMPRESA UCRANIANA – A reportagem do Post dizia que, em 2015, Hunter Biden teria tentado organizar uma reunião entre seu pai e um funcionário da Burisma, empresa ucraniana de energia da qual fazia parte do conselho de administração.

Os documentos que vieram à tona mostram debates internos sobre bloquear ou não a reportagem do Post, além de mensagens de ao menos um político democrata — o deputado Ro Khanna, da Califórnia — afirmando que a decisão gerava “grande reação negativa” no Congresso. Não mostraram, contudo, nenhuma evidência contundente de fraude, conspiração, ou censura.

Trump foi banido do Twitter, do Facebook e do YouTube nos dias após o 6 de janeiro de 2021, quando turbas de apoiadores invadiram o Capitólio, sede do Congresso americano, durante a sessão conjunta que certificaria a vitória de Biden.

RETORNO DE TRUMP – Após comprar o Twitter, Musk disse no último dia 19 que o ex-presidente poderia retornar à plataforma, mas o republicano não fez nenhuma postagem até este domingo. No entanto, vem usando frequentemente a Truth Social, que também tem a função de microblogging. Após defender o fim da Constituição, por exemplo, disse que “fraude sem precedente demanda cura sem precedentes”.

A chuva de críticas de parlamentares democratas foi imediata. O deputado Don Beyer, da Virgínia, por exemplo, disse que “as palavras e ações de Trump estão muito além dos limites do discurso político aceitável”.

Segundo ele, o ex-presidente “se declarou abertamente um inimigo da Constituição, e os republicanos devem repudiá-lo”, declaração similar à do deputado Eric Swalwell, da Califórnia.

DIZ O DEMOCRATA – O novo líder democrata da Câmara, Hakeem Jeffries, de Nova York, comentou o assunto durante uma entrevista ao canal ABC neste domingo: “Os republicanos terão que resolver seus problemas com o ex-presidente e decidir se irão romper com ele e retornar para alguma aparência de razoabilidade ou continuarão a se escorar no extremismo, não apenas de Trump, mas do trumpismo” — disse ele.

Já o deputado republicano Dave Joyce, de Ohio, não descartou à mesma emissora apoiar Trump em 2024. Segundo ele, o ex-presidente “diz muitas coisas, mas isso não significa que elas irão acontecer”, afirmando que a suspensão da Constituição é uma “fantasia”.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG
 – Trump não é nem nunca será um político. É apenas um milionário narcisista, enriquecido ilicitamente e que tem mania de aparecer a qualquer custo, seja como apresentador de TV ou como candidato. Sua ascensão ao poder foi um grande equívoco, mas a maioria dos eleitores é formada de imbecis que nem sabem em quem votam. E vida que segue, como dizia o gigantesco João Saldanha, que está assistindo à Copa do outro lado da vida. (C.N.)