sexta-feira, novembro 25, 2022

Generais na equipe de transição obrigam subversivos a recuar


Lista final do grupo temático da Defesa deverá ser anunciada

Pedro do Coutto

Os generais Fernando Azevedo e Silva, Edson Pujol e Enzo Peri, que foram afastados pelo presidente Jair Bolsonaro, integram de maneira informal o grupo de transição para o governo Lula e, com isso, levam ao recuo os responsáveis pelas manifestações subversivas nas portas de quartéis e as pessoas que servem de massa de manobra, levando até mesmo seus filhos e filhas, como imprudente escudo contra possíveis repressões.

As articulações na área do Ministério da Defesa e, portanto, envolvendo o Exército, a Marinha e a Aeronáutica, foram destacadas na edição de ontem da Folha de S. Paulo em magnífica reportagem de Marianna Holanda, Mateus Vargas, Julia Chaib, Bruno Boghossian e Cézar Feitosa.

AFASTAMENTO – A reportagem destaca que em 2021, os generais Azevedo e Silva e Pujol foram afastados surpreendentemente pelo presidente Jair Bolsonaro que substituiu Azevedo e Silva  pelo general Braga Netto, que terminou sendo candidato à Vice-Presidência em sua chapa. Bolsonaro desejava uma maior subordinação das Forças Armadas ao seu governo e Azevedo e Silva defendia um distanciamento constitucional.

As articulações para a passagem do poder militar foram objeto também de reportagem de Paula Ferreira, no O Globo de ontem, e de comentários na Globo News na noite de quarta-feira por Eliane Cantanhêde, jornalista sempre bem informada sobre o que ocorre em bastidores militares.

É possível, como já foi colocado na pauta política, que o sucessor do general Paulo Sérgio Nogueira no Ministério da Defesa seja um civil. Pode ser que sim, pode ser que não. Porém, as movimentações no governo de transição na área militar envolvem a presença de diversos outros oficiais generais, a exemplo do brigadeiro Juniti Saito e do almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira. Os diálogos nessa área, com o grupo do presidente eleito, têm a participação de Aluísio Mercadante.

PENSAMENTO DEMOCRÁTICO – A presença dos representantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica no processo político, através da transição, é um fenômeno natural e até constitucional porque são integrantes do pensamento democrático e que se incluem no respeito à Constituição do país, sendo oficiais generais bem informados sobre a estrutura de seus setores e das pessoas que os compõem.

Sem informações de base sólida, não podem ocorrer articulações políticas. Se é verdade que a política integra o universo civil, nem por isso pode ser dispensado um profundo conhecimento da constelação militar formada por generais de quatro estrelas. As matérias da Folha de S. Paulo, do O Globo e da Globo News já devem causar efeito para o esfriamento das ações subversivas, às quais se uniram, de forma ainda mais surpreendente, o PL de Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto.

APOSENTADORIAS –  Reportagem de Mariana Muniz, O Globo de ontem, revela que o Supremo Tribunal Federal adiou a revisão dos valores de todas as aposentadorias do INSS anteriores a julho de 1994. Trata-se da chamada “revisão da vida toda”.

O fato é que os empregados regidos pela CLT contribuíram sobre um teto de até dez salários mínimos. O governo Fernando Henrique Cardoso diminuiu o teto para cinco pisos salariais. Um ato ilegítimo que causou prejuízos enormes aos aposentados. FHC também suspendeu a conta pecúlio, fazendo com que os depósitos já consignados até hoje não fossem devolvidos. Mais um desastre para os segurados da Previdência Social.