quinta-feira, fevereiro 24, 2022

A batalha de uma pessoa contra covid não termina com a recuperação, dizem os especialistas

Publicado em 23 de fevereiro de 2022 por Tribuna da Internet

COVID-19: tudo sobre o novo coronavírus. Exames, sintomas, tratamentos, transmissão etc. | Einstein

Novos estudos estão confirmando que vacinar é preciso

Paloma Oliveto
Correio Braziliense

Pouco mais de dois anos do início da pandemia, muito já se sabe sobre o vírus causador da covid e, embora as opções de tratamento específicas para a doença ainda sejam poucas, não se pode mais dizer que o mundo está lidando com um inimigo desconhecido. Mas, como se trata de uma enfermidade recente, ainda restam muitas perguntas sobre os efeitos de longo prazo, uma série de sintomas que podem afetar sistemas e órgãos diversos, seja em adultos ou crianças.

Desde o começo, ficou claro que alguns pacientes apresentam sintomas prolongados de covid – sintomas contínuos que estão presentes muito tempo após a infecção inicial ter sido eliminada, e que podem ser muito debilitantes para a saúde e o bem-estar”, diz Deborah Dunn-Walters, presidente da força-tarefa covid-19 da Sociedade Britânica de Imunologia e professora da Universidade de Surrey, no Reino Unido.

SINTOMAS CONTINUAM – Não há sequer certeza sobre o percentual de pacientes que continuaram a ter sintomas. Enquanto alguns estudos estimaram em até 12%, pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos EUA, apostam em uma proporção bem maior: 50%. Uma revisão sistemática de 57 artigos, com dados de 250.351 adultos e crianças não vacinados, diagnosticados do início da pandemia até março de 2021, indicou que um em cada dois apresentou sintomas prolongados, depois da fase aguda.

Entre eles, problemas digestivos, pulmonares, dermatológicos e mentais. “A batalha de uma pessoa com covid não termina com a recuperação da infecção aguda”, reconhece um dos autores, Paddy Ssentongo.

Agora, com um número expressivo de pacientes recuperados desde que os primeiros casos emergiram, aumentaram as possibilidades de se estudar as sequelas da infecção pelo Sars-CoV-2, tanto em relação aos sintomas mais expressivos quanto ao tempo de duração deles.

“COVID LONGA” – Neste mês, um painel internacional definiu “covid longa” para fins de pesquisa, norteando o trabalho dos cientistas que buscam entender melhor essa condição.

O conceito não servirá para diagnóstico, apenas para direcionar melhor os estudos, pois, na literatura científica, as variações de prevalência e características das sequelas são muito amplas.

A definição assemelha-se à da Organização Mundial da Saúde (OMS): designa o paciente que apresenta ao menos um sinal físico, com impactos negativos que interferem na vida diária e persistem por, no mínimo, 12 semanas. E uma importante descoberta sobre a condição foi revelada há poucos dias pela Agência de Segurança em Saúde do Reino Unido.

EFICÁCIA DAS VACINAS – Os autores do estudo analisaram 15 publicações sobre a efetividade das vacinas contra a “covid longa”. A principal conclusão é a de que a imunização reduz os sintomas ou a incidência das sequelas, sendo que o efeito é mais protetivo em pessoas que se submeteram a pelo menos duas doses. Embora em todas as pesquisas avaliadas tenha havido casos de piora dos sinais pós-vacinação, estes foram minoria. O número de participantes dos trabalhos variou de poucas centenas a mais de 240 mil.

“A revisão também encontrou evidências que sugerem que os sintomas podem ser mais leves em pessoas que foram vacinadas após terem desenvolvido covid há muito tempo, embora observe que os dados para isso não são tão robustos e são necessários mais trabalhos para confirmar isso”, diz Deborah Dunn-Walters, da Universidade de Surrey.

“O artigo enfatiza a importância de todos, independentemente da idade, serem vacinados. A vacinação é a maneira mais segura e eficaz de se proteger de adoecer e de sofrer de longa infecção pós-covid”, ressalta a imunologista.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG –
 O estudo é muito amplo e confirma o que já se sabia – vacinar é preciso, como diria o genial poeta italiano Petrarca, depois repetido por outro extraordinário poeta, o português Fernando Pessoa. (C.N.)