Publicado em 28 de setembro de 2021 por Tribuna da Internet
Alberto Bombig e Matheus Lara
Coluna do Estadão
Quase dez meses após ter assistido impassível à debandada do DEM rumo a Jair Bolsonaro na eleição da presidência da Câmara, ACM Neto voltou a dar sinais de que o “bolsonarismo e sua obra” não são, ao menos na visão dele, grandes obstáculos para novas alianças circunstanciais com o presidente.
Mesmo depois de Bolsonaro ter externado ímpetos golpistas, ACM Neto disse que a fusão DEM-PSL pode liberar adesões eleitorais ao presidente. A declaração provocou reações nos partidos. Os bastidores começaram a ferver antes mesmo da fusão.
DESENHANDO – “Buscamos construir uma terceira via como alternativa a Bolsonaro e Lula, então, é preciso que todos dentro do partido estejam alinhados com esse propósito de fidelidade a essa candidatura. De outra forma, não faz sentido”, disse Júnior Bozzella, vice-presidente do PSL.
É só política? Ao Estadão, ACM Neto disse que “não haverá constrangimento” dentro do novo partido, em 2022, a respeito de eventual apoio a Bolsonaro ou a outro candidato a presidente. A frase foi considerada no mínimo precipitada.
À Coluna, lideranças disseram que a oposição a Bolsonaro é parte inegociável da criação de um partido que hoje fala em defender a democracia, as instituições e fugir dos extremismos dos polos. Na Bahia, ACM Neto deve ter o PT como grande adversário na disputa pelo governo do Estado. Além disso, aliados do ex-prefeito, como Elmar Nascimento, são da base de apoio de Bolsonaro na Câmara e mantêm indicações na poderosa Codevasf.
INTERNET PÚBLICA – Deputados do PSOL prometem acionar o Ministério Público para investigar a exibição de propaganda do governo durante acesso à internet pública do programa Wi-Fi Brasil, revelada pelo Estadão.
“É uma afronta à legislação que regula a propaganda estatal e eleitoral, aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade”, afirma Fernanda Melchionna (RS).
Por fim, ao pedir a demissão de toda a diretoria do Banco do Nordeste (BNB), Valdemar Costa Neto, presidente do PL, deixou outros partidos do Centrão em situação desconfortável.
COTAS DO CENTRÃO – Segundo apurou a Coluna, o PL indicou o atual presidente do BNB, Romildo Carneiro Rolim. Porém, outros cargos da diretoria estão na cota do PP e do PRB, por exemplo.
Na sexta-feira, Bolsonaro cobrou Costa Neto por conta de um contrato do BNB com uma ONG no valor de R$ 600 milhões por ano. Segundo a direção do PL, o acordo é antigo, firmado ainda em governos do PT, mas foi mantido pela atual direção.
Será? Ainda não se sabe o que desagradou a Bolsonaro: se a suspeita de irregularidade ou a sigla PT.