quinta-feira, julho 29, 2021

Lira contesta Bolsonaro e diz que vai haver eleição em 2022, sem ruptura institucional’

Publicado em 29 de julho de 2021 por Tribuna da Internet

Arthur Lira diz que atua como guardião da democracia

Camila Turtelli e Gustavo Côrtes
Estadão

O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), disse nesta quarta-feira, 28, que não há possibilidade de ruptura política institucional no País e se apresentou como guardião da democracia no governo de Jair Bolsonaro. Lira afirmou não haver dúvida de que haverá eleições “limpas e transparentes no Brasil”, em 2022.

“Enquanto nós estivermos aqui na presidência da Câmara, nessa posição, que é passageira, nós seremos, estaremos aqui como guardiões da democracia. Não tem possibilidade de ruptura política institucional no Brasil”, declarou Lira, em entrevista à Globonews. “Nós não somos qualquer país”.

AMEAÇA DE BRAGA NETTO – Na quinta-feira, 22, o Estadão revelou que no último dia 8 o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um interlocutor político. Na mensagem, o general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022 se não houvesse aprovação do voto impresso no Brasil.

Após a publicação da reportagem, Braga Netto divulgou nota dizendo que não se comunica por meio de interlocutores e reiterando o apoio ao “voto eletrônico auditável por meio de comprovante impresso”.

Lira disse que o assunto é “página virada” e não cabe a ele “tocar fogo” no recesso parlamentar. “Muitas polêmicas são feitas quando qualquer Poder às vezes interfere no limite da atribuição do outro, o que causa algum tipo de desgaste. Nós temos que ter sempre a serenidade para colocar cada um dentro do seu quadrado, dentro dos seus limites constitucionais. Sempre com harmonia, mas com a independência necessária”, afirmou.

BOLSONARO INSISTE – Logo depois de Lira dar a entrevista, porém, Bolsonaro voltou a defender o voto impresso, chamado agora por ele de “voto democrático”. “O povo vai reagir em 2022 se não houver eleições democráticas”, afirmou o presidente a apoiadores, no Palácio da Alvorada.

Bandeira do bolsonarismo, a proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui o voto impresso continua em uma comissão especial da Câmara. O Estadão apurou que o governo deve ser derrotado quando a PEC for analisada, em agosto, após o recesso parlamentar.

Lira afirmou que o sistema de urna eletrônica, adotado há 25 anos no Brasil, é confiável. Argumentou, no entanto, que uma parte da população e também de parlamentares quer debater o tema. “Quero só lembrar de um detalhe: nós vamos ter eleição em outubro do ano que vem, como vamos ter uma eleição em 24, como vamos ter eleição em 26, limpas e transparentes. Eu não vejo nenhuma dificuldade, em algum momento, de aumentar o rigor de auditagem nas urnas”, disse.