Publicado em 27 de junho de 2021 por Tribuna da Internet
Roberto Nascimento
Nos últimos meses, já tinham sido detectados vários casos de corrupção de governos estaduais e prefeituras com verbas de combate à pandemia. Agora, com a descoberta do primeiro caso concreto de corrupção federal, no caso da vacina Covaxin, além do negacionismo oficial e da imunidade do rebanho, já se pode fazer uma análise preliminar da CPI da Covid-19.
Os irmãos Miranda – o deputado Luís Cláudio (DEM-DF) e o servidor do Ministério da Saúde, Luís Ricardo –. depondo sexta-feira na CPI, trouxeram a lume dados e fatos sobre a obscura tentativa de compra da vacina Covaxin, intermediada pela inidônea empresa Precisa, com envolvimento da Global Saúde, o que agrava mais a suposta tentativa da prática de ilicitude no contrato.
HOUVE DE TUDO – A sessão de sexta-feira mostrou que houve de tudo na gestão paramilitar do Ministério da Saúde, com pressão de todo lado, aprovação prematura da vacina, sem aval da Anvisa, e até insistente tentativa de pagamento antecipado, embora houvesse a possibilidade de que o lote estivesse no limite da validade.
No tocante aos membros e participantes da CPI, destaco a atuação da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que tem feito perguntas objetivas e interferindo diretamente nas tentativas do senador Marcos Rogério(DEM-RO), que procurava desqualificar os depoentes, até com certo grau de agressividade.
A narrativa desse senador governista é sempre na toada de desmentir os convidados com dados que não se incluem na realidade fática.
LÍDER DESCONTROLADO – Neste fatídico dia negro da história republicana, o senador Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo, estava apoplético e aos gritos desmentia a tudo e a todos.
O mais sensato da base do governo na CPI é o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que tem contribuído com perguntas visando ao esclarecimento dos fatos.
Atuando ao contrário, os senadores Luis Carlos Heinze (PP-RS) e Jorginho Mello (PL-SC) governistas até a raiz dos cabelos, nada trazem de útil para o debate, que mereça ser comentado, pois o objetivo deles é apenas tumultuar os trabalhos.
TRIO DIRIGENTE – A respeito do trio dirigente da CPI, formado pelo presidente Omar Aziz (PSD-AM), o vice Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL), a meu ver, em conhecimento dos fatos e nas perguntas aos convidados, o melhor disparado, sem sombra de dúvidas, é o senador Randolfe.
O presidente da CPI, Omar Aziz, também se destaca, ao controlar com mão de ferro as individualidades e os arroubos verbais dos mais exaltados, tanto do campo da oposição quanto do lado governista.
Os senadores Fabiano Cantarato (Rede-ES), Alexandro Vieira (sem partido-SE) e Otto Alencar (PSD-BA), atuando como membros técnicos e conhecedores da matéria em análise, têm sido destaques promissores.
AS SENADORAS – Para terminar, a respeito da participação do grupo de senadoras, que não são membros, mas atuam positivamente na CPI, formado por Leila Barros (PSB/DF), ex-jogadora de vôlei, Soraya Thronicke (PSL-/MS), Eliziane Gama (Cidadania-MA) e Simone Tebet (MDB-MS), elas são uma esperança na política e uma luz no fim do túnel escuro na qual estamos mergulhados.
Os homens senadores deveriam se mirar nesse exemplo de espírito público que as senadoras da CPI protagonizam, mostrando que a corrupção é um característica tipicamente masculina.