terça-feira, maio 25, 2021

Pazuello não será punido, com base na impunidade do general Mourão em 2015 e 2017

Publicado em 25 de maio de 2021 por Tribuna da Internet

Pazuello

Pazuello vai imitar Mourão e passar para a reserva

Carlos Newton

Está um tiroteio danado, porque não existe vazamento de informações no Alto Comando do Exército, portanto ninguém sabe o desfecho do caso do general de Divisão Eduardo Pazuello, que o presidente Jair Bolsonaro, seu companheiro de academia militar, conseguiu transformar num problema ambulante e desmoralizante para as Forças Armadas.

A situação é delicadíssimo, porque o trêfego Pazuello está na profissão errada, não se comporta como militar, mente sob juramento e desonra a farda que não mais deveria vestir.

DESAFIOU O COMANDANTE – Como se sabe, ele tem de ser punido por afrontar as normas internas das Forças Armadas e desafiar a autoridade do comandante-geral do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, ao participar de uma manifestação política a favor do presidente Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro, na manhã deste domingo (dia 23), tendo inclusive discursado na ocasião, em cima do carro de som.

Nesta segunda-feira, aguardava-se que o Alto Comando do Exército se reunisse para discutir a punição de Pazuello, dada a invulgar importância do assunto, mas o ministro da Defesa, general Braga Netto, se adiantou e convocou uma reunião com o comandante Nogueira.

Braga Netto tentou “amaciar” a situação de Pazuello, que cometeu uma transgressão disciplinar clara, ao afrontar publicamente a autoridade do comandante do Exército.

PROBLEMA GRAVÍSSIMO – O fato concreto é que se trata de um problema gravíssimo, porque o presidente Bolsonaro pode revogar qualquer punição ao general Pazuello e até demitir o atual comandante do Exército.

Em Brasília, os bastidores do Forte Apache dão conta de que a solução encontrada é empurrar o problema para a frente. Isso significa que será obedecido o trâmite militar, com o máximo de lerdeza. Primeiro, Pazuello será comunicado de que cometeu transgressão disciplinar, e vai ganhar três dias para responder.

Em seguida, quando a punição estiver em estudo no Alto Comando, pedirá passagem para a reserva, que no seu caso específico tem de ser decisão individual.

IGUAL A MOURÃO – Ou seja, será reprisado o caso do general Hamilton Mourão, que em 2015 deu várias declarações defendendo a tortura no regime militar e fazendo críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff, mas não foi punido. O comandante Eduardo Villas Bôas apenas tirou Mourão do Comando do Sul e colocou-o na Secretaria de Economia, um cargo burocrático.

Mas Mourão não ficou quieto. Em 2017, vestiu o uniforme de gala e fez um longo pronunciamento na Maçonaria, falando sobre a possibilidade de uma intervenção militar. E novamente não foi punido. O comandante Villas Bôas sugeriu que ele passasse para a reserva, Mourão concordou, logo virou presidente do Clube Militar e depois foi eleito vice-presidente da República, nota-se que é um homem de sorte.

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P.S. – Diante do curriculum vitae de Mourão, causou surpresa no Alto Comando sua atitude, defendendo a punição de Pazuello, cujas transgressões foram muito menos graves do que as cometidas por ele no governo Dilma. Mas  parece que 
o general Mourão está com problemas de memória, não é mesmo? (C.N.)