sábado, maio 29, 2021

General Pazuello usa um argumento absurdo em sua resposta ao Exército


Pazuello joga fora toda a sua reputação construída no Exército

Pedro do Coutto

Reportagem de Bela Megale e Daniel Giulino, O Globo desta sexta-feira, focaliza a manifestação do general Eduardo Pazuello em sua defesa encaminhada ao Exército no procedimento aberto para apurar a sua presença na manifestação no Rio de Janeiro, no último domingo, ao lado de Jair Bolsonaro, afirmando que o evento não teve caráter político ou partidário porque, acentuou, o presidente da República não se encontra filiado a partido algum.

A justificativa é totalmente absurda e não atende à análise do Comando do Exército ao tentar separar o caráter político do caráter partidário. Na minha opinião, o caráter político não depende de filiação partidária, portanto não cabe essa explicação. Os atos políticos independem de sentido eleitoral. Porém, no caso, o sentido de campanha política está exposto e a justificativa de Pazuello não resiste a menor análise.

APOIO DE BOLSONARO – De outro lado, em transmissão pelas redes sociais da última quinta-feira, Bolsonaro corroborou com o argumento de Pazuello. A situação assim se complica ainda mais, na medida em que o general Paulo Sérgio Nogueira será obrigado a se pronunciar não apenas quanto à presença de Pazuello no palanque ao lado de Bolsonaro, mas também estará atingido por uma afirmação sem pé nem cabeça.

O general Paulo Sérgio Nogueira está diante de uma situação sensível: rejeitar a explicação de Pazuello ou aceitá-la, comprometendo a si mesmo e ao regulamento disciplinar do Exército. O problema assim continua se desenvolvendo agora com repercussão nos meios militares. Afinal de contas, o próprio Pazuello já havia informado que se equivocou. Mas agora desiste da sua posição anterior e envereda pelo caminho da fantasia.

AUXÍLIO EMERGENCIAL –  No café da manhã de quinta-feira com um grupo de empresários em Brasília, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o auxílio de emergência é uma arma que o governo dispõe. Citou “arma que nós temos e que pode ser renovada se a pandemia se mantiver no ritmo atual”.

O ministro se refere possivelmente a um instrumento de ação política e ao mesmo tempo um ato administrativo também com o mesmo efeito. Caso contrário, Paulo Guedes não teria se referido ao auxílio emergencial como uma arma de ação em favor do governo. Ele pode até estar certo, mas deixa assinalado tacitamente a sua vontade de partir para uma ação governamental que lhe permita algum êxito em matéria de popularidade. Paulo Guedes agora deseja utilizar o abono como peça de ação até partidária.

POPULARIDADE EM QUEDA – A interrupção do abono afetou também a popularidade de Bolsonaro. A questão econômica, mas que também tem um reflexo político muito grande, está no fato dos preços continuarem subindo, caso agora da energia elétrica enquanto os salários estão estagnados.

É um desafio social que os assalariados têm que enfrentar em condição de amplo prejuízo porque as empresas do governo reajustam os preços, no caso da Eletrobras, e os trabalhadores e trabalhadoras, além dos servidores públicos, ficam presos a uma impossibilidade que está se fazendo sentir. Assim é impossível resolver qualquer problema, seja ele econômico, social ou político.

ISENÇÃO NA AMAZÔNIA – Na Folha de São Paulo, Bernardo Caram e Thiago Resende, destacam a declaração do ministro Paulo Guedes de que está sugerindo ao presidente da República uma isenção fiscal para que empresas se instalem na Amazônia, criando assim um pólo de empreendimentos sustentáveis.

O ministro apresentou a ideia de conceder isenção de Imposto de Renda por 20 anos a empresas que se instalarem no local. Para ele, o Brasil precisa ampliar a atuação no mercado de carbono. As afirmações de Paulo Guedes foram feitas para responder às críticas que apontam para falta de manutenção no meio ambiente. O ministro acrescentou que uma árvore vale mais viva do que morta.

DESMATAMENTO – A reportagem acrescenta, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, que no mês de abril deste ano registrou-se o maior período de desmatamento na região.

A proposta do ministro da economia parece inspirada na Zona Franca de Manaus, mas com uma diferença. A Zona Franca de Manaus referia-se à comercialização de produtos industrializados, agora Paulo Guedes propõe a instalação de empresas na região. Sem frisar qual o objetivo, no fundo, o caminho da industrialização da floresta significa abrir uma estrada ainda maior para o desmatamento.