Publicado em 28 de maio de 2021 por Tribuna da Internet
Deu em O Globo
Ao falar sobre a possível punição ao general Eduardo Pazuello por ter participado de uma manifestação com o presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão afirmou que a aplicação da regra é necessária para evitar que “a anarquia se instaure” nos quartéis.
Mourão minimizou a possibilidade de que o ex-ministro da Saúde escape de uma punição se o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, assim definir. O presidente Jair Bolsonaro, entretanto, pode reverter uma eventual advertência ou punição.
PASSAR PARA A RESERVA – No início da semana, o vice-presidente já tinha sugerido a passagem de Pazuello para a reserva das Forças Armadas. Apesar de ter ocupado um cargo no governo Bolsonaro, Pazuello não passou para a reserva, como foi feito por outros generais do governo.
Mourão também descartou a possibilidade de que o Exército entenda que Pazuello não descumpriu o regulamento disciplinar por ter sido autorizado pelo presidente a participar do ato.
“Esse é um entendimento meio canhestro da coisa, não funciona dessa forma” — disse o vice-presidente.
SEM ANARQUIA — “A regra tem que ser aplicada para se evitar que a anarquia se instaure dentro das Forças. Assim como tem gente que é simpática ao governo, tem gente que não é. Então cada um tem que permanecer dentro da linha que as Forças Armadas tem que adotar. As Forças Armadas são apartidárias, elas não tem partido. O partido das Forças Armadas é o Brasil” — afirmou Mourão.
É o presidente Jair Bolsonaro que vai decidir o destino de Pazuello com o comandante do Exército e o ministro da Defesa, Braga Netto.
Nesta quinta, o presidente esteve com os dois em agenda em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, onde afirmou que espera que não seja necessário que as Forças Armadas tenham que agir “dentro das quatro linhas da Constituição Federal”, em referência às medidas de isolamento social promovidas por prefeitos e governadores.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O vice-presidente Mourão não tem a menor moral para comentar a situação de Pazuello e defender a punição do general. Deveria ter mais pudor e evitar o assunto. Quando ainda estava na ativa, em 2015 e 2917 agiu de maneira muito pior do que Pazuello, defendendo o torturador e assassino Brilhante Ustra e ameaçando o país com uma nova intervenção militar. Mesmo assim, não foi punido. A memória de Mourão deve estar falhando, digamos assim, em respeito à sua idade. No entanto, sou bem mais velho do que Mourão e lembro muito bem o que ele fez no verão passado, como se diz atualmente. (C.N.)