domingo, maio 30, 2021

Bolsonaristas não debatem fatos e montam blindagem para o presidente nas redes sociais

 


Charge do Bira Dantas (Arquivo do Google)

Pedro do Coutto

Patrícia Campos Mello, em reportagem de página inteira na edição da Folha de São Paulo deste sábado, revela que bolsonaristas estão montando uma ofensiva nas redes sociais da internet para tentar blindar as manifestações contrárias ao governo e ao presidente veiculadas no universo eletrônico.

Observa-se que a preocupação dos apoiadores do presidente da República representa a aceitação tácita de que os ataques são mais fortes do que a capacidade de defesa do governo. Quem blinda é porque está sentindo a necessidade de defesa, logo deseja evitar o destaque que fatos contrários sejam veiculados. Isso de um lado.

PROJETO DE LEI – De outro, os mesmos apoiadores propõem um projeto de lei que impeça as decisões do Facebook, do Twitter , do Instagram e do Youtube de remover  conteúdos que julguem inadequados. Uma verdadeira surpresa. Como é possível existir um regulamento que garanta a impossibilidade de retirada de textos e imagens de qualquer tipo? Tal retirada representa um direito do respectivo canal em veicular o que considere concreto e pertinente aos fatos.

Não se pode exigir de qualquer publicação, seja jornal, emissoras de televisão, rádio e redes sociais de não poderem gerir os seus próprios espaços sem levar em conta a veracidade e a autenticidade. Não se trata de liberdade de expressão. Os editores existem para selecionar as publicações capazes de despertar reações diversas dentro de limites que somente podem ser fixados após uma exame do que eles representam e apresentam em seus conteúdos.

DIREITO DE RESPOSTA – O importante na questão não é discutir as manifestações. Trata-se de rebater aquelas que mereçam respostas. Sempre digo que em matéria de redes sociais, os atingidos deveriam exigir sempre o direito de resposta, com o mesmo destaque com que foram veiculadas, ponto fundamental da Lei de Imprensa.

Afinal, o direito de expressão não livra o acusador das consequências legais que possam existir. Estão sujeitos aos inquéritos, processos judiciais e isso não tem a ver com censura prévia. Se alguém publica nas redes sociais matérias capazes de gerar complicações imediatas, é direito de quem edita verificar a veracidade de tais fatos anunciados. Imunidade não significa irresponsabilidade.

IBGE REBATE INFORMAÇÕES – Na quinta-feira, o Ministério da Economia com base em dados da Caged, destacou que no período de janeiro a abril deste ano o mercado de trabalho, com carteira assinada, preencheu 190 mil vagas, reduzindo assim o desemprego. Entretanto, Daniela Amorim, do Estado de São Paulo de sexta-feira, com base nas estatísticas do IBGE, revelou que o desemprego subiu nos meses citados pelo Ministério da Economia.

O desemprego, segundo o IBGE, apresenta um índice de 14,7% e atingiu o recorde de 14,8 milhões de brasileiros desempregados. Afinal, quem está errado, o IBGE, em sua pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua, ou o Caged e o MInistério da Economia? Assim, acentua Daniela Amorim, o mercado de trabalho continua enfraquecido e não apresentou este ano sinal de recuo.

DADOS REAIS – A contradição deve partir, na melhor das hipóteses, num sistema de cálculo do IBGE ou da Caged. Portanto, verifica-se que não adianta apenas divulgar matérias, mas sim divulgá-las consolidadas por dados reais. A repetição das mesmas informações, por si, não transforma o vazio da repetição no preenchimento de fatos concretos.

Já se disse através da história que a mentira pode se transformar em verdade. Não é fato. A mentira sempre é derrubada pela realidade e não há maneira de se enfrentar a realidade a não ser anunciar qualquer iniciativa capaz de transformar o que ocorreu na verdade. Assim é a imprensa. Assim é a própria vida humana.