domingo, abril 25, 2021

YouTube remove mais quatro vídeos de Bolsonaro por propagar desinformação sobre a Covid


Irresponsabilidade de Bolsonaro pode ter custado milhares de vidas

Deu no G1

O YouTube removeu mais quatro vídeos do canal do presidente Jair Bolsonaro “por violação das políticas de desinformação médica sobre a Covid”. Na última segunda-feira, dia 19, um vídeo de Bolsonaro já tinha sido tirado do ar pela plataforma por esse motivo. Todos eles são das lives que o presidente faz às quintas-feiras. São os vídeos de 9 de julho de 2020, 26 de novembro de 2020, 10 de dezembro e 11 de fevereiro de 2021.

As remoções acontecem dias depois de o YouTube atualizar sua política de uso, acrescentando que vídeos que recomendem o uso de hidroxicloroquina ou ivermectina para o tratamento ou prevenção da Covid-19 – o que não é comprovado por médicos – seriam tirados do ar.

DESINFORMAÇÃO – No dia em que a regra foi anunciada, o G1 procurou o YouTube e questionou a plataforma sobre um dos vídeos das lives de Bolsonaro, em que ele diz: ““Se fosse esperar uma comprovação científica, teriam morrido quantas pessoas naquela Guerra do Pacífico, que não morreram. É a mesma coisa o tratamento precoce da Covid com hidroxicloroquina, com ivermectina, uma tal da anitta, mais azitromicina, mais vitamina D. E não faz mal isso aí”.

Após o questionamento, o vídeo foi tirado no ar. Mas o G1 encontrou outros exemplos em que o presidente defende os medicamentos sem eficácia comprovada para combater ou prevenir a Covid. Dois deles são vídeos que foram derrubados nesta sexta: os de 9 de julho e 10 de dezembro. Outros vídeo, de 15 de abril de 2021, permanece no ar.

POLÍTICA DO YOUTUBE – A plataforma informou no último dia 16 que serão retirados vídeos que tenham: conteúdo que recomenda o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19; conteúdo que recomenda o uso de ivermectina ou hidroxicloroquina para prevenção da Covid-19; afirmações de que ivermectina ou hidroxicloroquina são tratamentos eficazes contra a Covid-19; alegações de que há um método de prevenção garantido contra a Covid-19; afirmações de que determinados remédio ou vacinas são uma cura garantida para a Covid-19.

Além disso, em suas diretrizes, o YouTube diz que “também não é permitido o envio de conteúdo que dissemine informações médicas incorretas que contrariem as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

De acordo com a empresa, a conduta mencionada vale para: tratamento; prevenção; diagnóstico; transmissão; diretrizes sobre distanciamento social e autoisolamento; e a existência da Covid-19.

SEM EFICÁCIA COMPROVADA – No vídeo feito a partir de transmissão ao vivo, no dia 9 de julho de 2020, o presidente recomenda por mais de uma vez o uso de hidroxicloroquina e da ivermectina contra a Covid-19. Ele chega a mostrar uma caixa com hidroxicloroquina. O vídeo conta com mais de 360 mil visualizações.

Veja os trechos: “… declarou que tomou por ocasião de seu tratamento, a hidroxicloroquina, e eu tomei, e deu certo. Eu tô muito bem, graças a Deus. E aqueles que criticam, pelo menos apresentem uma alternativa. Ora, não dá certo a hidroxicloroquina, você tem que tomar a ivermectina ou então a anitta, que é outra também que está muito comentada por aí, e que são eficazes no tratamento do coronavírus.”

“Nós temos relatos de centenas de médicos no Brasil e de centenas e centenas de pessoas, que foram infectados, e foram tratados com isso [hidroxicloroquina e ivermectina] e deu certo”.

GARANTIA – Em vídeo do final do ano passado, Bolsonaro garante a eficácia de hidroxicloroquina e ivermectina contra a Covid. A publicação tem mais de 168 mil visualizações. Veja o trecho:

“O que que tem no hospital? O respirador. Salva gente? Salva gente, sim, salva gente, mas tem que se evitar aí o intubamento da pessoa. Evita-se como? Numa primeira fase, o tratamento, que é a tal da hidroxicloroquina, ivermectina e anitta, entre outras coisas, vitamina D, azitromicina. Hoje os médicos sabem disso, se o teu médico fala que não, você tem o direito de procurar outro médico.”