domingo, abril 25, 2021

Bolsonaro corta verbas do Meio Ambiente e deixa Joe Biden em situação desconfortável


Biden tornou-se vítima do jogo de palavras montado por Bolsonaro

Pedro do Coutto

Na tarde de quinta-feira, dia 22, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, ao participar da Conferência do Clima convocada pelo presidente americano Joe Biden, que iria ampliar os recursos financeiros para o combate ao desmatamento da Amazônia e as queimadas do Pantanal e assim assumir uma posição firme na proteção ao meio ambiente e contra o aquecimento global.

Na noite da mesma quinta-feira, o Diário Oficial da União rodou à noite com os cortes aplicados por Bolsonaro ao Orçamento para o exercício de 2021. As informações sobre os cortes foram divulgadas em tempo para que os jornais publicassem as decisões. Por isso, o Estado de São Paulo, O Globo e a Folha de São Paulo revelaram os alvos principais dos cortes. Entre eles, o mais expressivo de R$ 240 milhões exatamente no Meio Ambiente.

DESCONFORTO – Bolsonaro deixou mal o presidente Joe Biden junto à população americana e a todos os demais países que participaram da Conferência do Clima e que estão interessados na preservação das florestas para evitar o aquecimento global do planeta.

O presidente Joe Biden, na minha opinião, ficou em uma posição desconfortável porque havia, no encerramento da Conferência, incluindo o Brasil entre os países empenhados na preservação ecológica de suas áreas. Acredito que o presidente Biden passou a se julgar vítima de um jogo de palavras montado por Jair Bolsonaro.

CORTES – Com os cortes aplicados, Bolsonaro assegurou a colocação em prática das emendas à Lei de Orçamento aprovadas pelos deputados e senadores. Entretanto, Idiana Tomazelli e Adriana Fernandes, o Estado de São Paulo, revelam que os cortes provocaram a insatisfação generalizada na Esplanada dos Ministérios porque várias obras e diversos investimentos não poderão sair do papel. Para o ministro Ricardo Salles, creio que isso não faz diferença, já que ele vem deixando de combater o desmatamento e as queimadas desde que assumiu a posição de antiministro.

Nos bastidores, representantes de ministérios  começaram a reclamar, sobretudo o ministro Roberto Marinho do Desenvolvimento Regional, sobre quem recaíram fortes cortes. Marinho culpa diretamente o ministro Paulo Guedes, com quem vem se desentendo desde o final do ano passado.

No Folha de São Paulo, a reportagem sobre o tema é de Thiago Resende e Bernardo Caram. No O Globo assinam Marcelo Correia, Manuel Ventura e Geraldo Adoca, e destacam que os cortes aplicados reduzem em 40% o programa do Ministério do Desenvolvimento Regional. Foram R$ 9,4 bilhões.

BOLSONARO E PAZUELLO –  Reportagem de Adriana Mendes, Daniel Giulino, Julia Lindner e Jussara Soares, O Globo, destaca um pequeno comício que Bolsonaro comandou ao lado de Eduardo Pazuello na cidade de Manaus, a mesma que foi atingida fortemente pela pandemia.

A foto publicada no O Globo fixa o momento em que Bolsonaro ergue o braço direito com a mão espalmada abraçado com Pazuello. O presidente da República disse que o ato era um desagravo ao ex-ministro da Saúde, general da ativa que se encontra lotado no Palácio do Planalto esperando sua lotação na Secretaria Geral do Exército.

Bolsonaro sustentou que o ato era de desagravo. Mas como ? Jair Bolsonaro esqueceu que foi ele quem exonerou Pazuello, portanto a crítica que dá margem ao desagravo recai sobre ele mesmo. Não pode haver dúvida da duplicidade de atuação do chefe do Executivo.

MINISTÉRIO DA ECONOMIA – Gustavo Uribe e Leandro Colon, Folha de São Paulo, ressaltam que os deputados e senadores que integram o Centrão estão reivindicando do presidente Bolsonaro o desdobramento do Ministério da Economia, recriando o Ministério do Planejamento, de imediato, e depois o retorno dos ministérios da Fazenda, da Previdência Social, do Trabalho e o comando do projeto de privatizações.

Realmente, penso, um só homem, o ministro da Economia, não pode atuar simultaneamente em todos os cargos. Ninguém no mundo é capaz de realizar esse trabalho conjuntamente.

Os senadores já selecionaram três nomes para a escolha do presidente da República: Eduardo Gomes, Jorginho Mello e Davi Alcolumbre. A matéria inclui também a atual estrutura no ministério da Economia. Um dos setores refere-se à produtividade e ao emprego, além das demais atribuições aqui relacionadas.

CANDIDATURA DE LULA E O STF – Carlos Alberto Sardenberg, O Globo, publicou artigo ontem tecendo críticas a julgamentos diversos no Supremo Tribunal Federal que numa época apresentaram desfechos não confirmados agora no episódio que anulou a validade do foro de Curitiba para julgar todos os processos que se acumularam contra Lula da Silva.

Sardenberg pode estar certo no que se refere à diversidade das decisões. Mas há um aspecto político que não pode passar despercebido. As passeatas que foram realizadas na Esplanada dos Ministérios ostentavam cartazes defendendo o fechamento do Congresso Nacional, o fechamento do STF e a implantação no país de uma ditadura militar, tendo Jair Bolsonaro no comando.

Falar em ditadura é, consequentemente, falar no recesso da Câmara e do Senado. É falar na estrutura do Supremo Tribunal Federal. Não vamos esquecer que o general Costa e Silva, quando presidente da República, afastou os ministros Evandro Lins e Silva, Vitor Nunes Leal e Hermes Lima. Seu antecessor,  Castello Branco aumentou o número de ministros de 11 para 16, nomeando mais cinco.

RISCO – O Supremo assim teve que reagir de alguma forma para não correr o risco que uma vitória de Bolsonaro em 2022 pudesse levá-lo a implantar uma ditadura, já que ele pensa somente em permanecer na Presidência do país.

A Câmara dos Deputados e o Senado Federal também começaram a colocar as barbas de molho, como se dizia antigamente, consequência desse posicionamento é a CPI que investigará fatos e omissões do Ministério da Saúde no combate à pandemia.

Passando os olhos no quadro político brasileiro, vamos concluir que Lula da Silva é o único nome capaz de derrotar Bolsonaro nas urnas, enfrentando assim a máquina administrativa federal. É verdade, penso, que Bolsonaro está em queda de popularidade. As pesquisas mostram isso. Mas qual o nome que poderia reunir as correntes contrárias às facções conservadoras e extremistas que se colocam ao lado do governo? A resposta só pode ser uma: a reabilitação de Lula para as urnas.

JOGO DE PODER –  A política tem dessas coisas, é inevitável. Como inevitável também é que os candidatos para terem êxito tem que representar núcleos poderosos que se movem no campo das perspectivas econômicas e financeiras. É claro que qualquer candidato tem que possuir força junto à opinião pública. Isso não se discute, mas a presença dos grupos econômicos nacionais e internacionais entra na média do jogo de poder com um percentual muito grande.

Quem quiser que se iluda, mas com 62 anos de jornalismo político posso afirmar que se não levar em conta a participação de grupos capitalistas, ninguém chegará ao poder pelas urnas.  Aliás, só há dois caminhos para o poder: as urnas ou as armas. Isso no mundo todo. Sem dúvida o único caminho para a democracia e a liberdade encontra-se mesmo nas urnas populares.

FGTS – Matéria de Geraldo Doca, O Globo, traz a informação de que o governo Bolsonaro está preparando para os próximos dias um pacote de ações destinadas a flexibilizar regras trabalhistas através da renovação do programa que permite redução de jornada de trabalho e de salários. Além disso, o projeto vai propor que as empresas que não demitam empregados vão poder deixar de contribuir para o FGTS durante quatro meses. Assim, são 32% a menos dos recursos que se destinam ao Fundo de Garantia, uma vez que o índice é de 8% sobre as folhas de salário.

Outra matéria que destaca a posição do governo em favor das empresas e não do trabalho humano é assinada por Idiana Tomazelli, o Estado de São Paulo, publicando que o mesmo governo que alega falta de recursos e daí os cortes dos projetos, abre mão de R$ 365 bilhões na arrecadação em consequência de desonerações fiscais recaindo sobre vários setores da produção industrial e também do mercado financeiro.

LUTA PELA LIDERANÇA – O Globo e a Folha de São Paulo encontra-se em luta aberta através de reportagens e de publicidade institucional de página inteira, ambos destacando cada um ser o jornal mais lido do Brasil. O Globo incluiu mensagens no Jornal Nacional da TV Globo. A Folha de São Paulo na edição de sexta-feira voltou a destacar ser ela mesma a líder em matéria de leitura dos jornais do país. Em terceiro lugar, figura nas estatísticas o Estado de São Paulo.

Os números se referem às páginas vistas, separação de visitantes únicos das edições online e tempo de leitura em minutos diários. A Folha de Sao Paulo acentua liderar as páginas lidas, reconhecendo que a média de visitas no primeiro trimestre é liderada pelo O Globo. Mas na terceira etapa, em tempo de leitura, a Folha apresenta grande vantagem sobre o Globo.

Acho interessante o confronto porque dá margem para uma análise que focalize tanto a leitura nas edições impressas, para mim as mais importantes , e também o acesso ao sistema online que a maioria dos jornais vem adotando. Para mim há diferenças fundamentais entre as matérias impressas e os textos nas telas. Mas esse assunto fica para um próximo artigo