sexta-feira, abril 23, 2021

“Um manda e o outro obedece'”: Bolsonaro transfere Pazuello para cargo na Secretaria-Geral do Exército


Auxiliar do ex-ministro ganhou cargo na Casa Civil

Deu no G1

O presidente Jair Bolsonaro transferiu nesta sexta-feira, dia 23, o general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, da 12ª Região Militar para um cargo na Secretaria-Geral do Exército. O ato foi publicado no “Diário Oficial da União”.

Entre outras funções, cabe à Secretaria-Geral preparar as reuniões do Alto Comando do Exército; conduzir o processo de concessão de medalhas; regular o Cerimonial Militar; assessorar o comandante do Exército.

GESTÃO NA SAÚDE – Eduardo Pazuello ficou dez meses à frente do Ministério da Saúde (maio de 2020 a março de 2021), e deixou a pasta no, até então, pior momento da pandemia, com recordes sucessivos de mortes por Covid e expansão da doença em todo o Brasil. A gestão de Pazuello foi marcada por apoio ao uso da cloroquina, crise de abastecimento de medicamentos e oxigênio e mudanças de discurso sobre tratamento precoce contra a Covid.

Embora os estudos científicos mostrem que a cloroquina não tem eficácia contra a doença, Bolsonaro também defende o uso do medicamento. ‘É simples assim: um manda e o outro obedece’, diz Pazuello

INVESTIGAÇÕES – Um inquérito chegou a ser aberto pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), para investigar a condução de Pazuello na crise de saúde que atingiu o Amazonas. O inquérito atualmente tramita na primeira instância do Distrito Federal.

No Congresso Nacional, foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar possíveis omissões do governo federal na gestão da pandemia. A chamada CPI da Covid já foi criada e deve ser instalada na próxima semana.

Nesta quinta-feira, dia 22, em entrevista à GloboNews, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), cotado para ser o relator, defendeu que a CPI inicie os trabalhos apurando se o governo federal negligenciou a compra de vacinas contra a Covid. Na opinião do parlamentar, Pazuello fez um trabalho “horroroso” no ministério.

“INCOMPETÊNCIA” – Em uma entrevista à revista “Veja”, o ex-secretário de Comunicação do governo Fábio Wajngarten afirmou que o atraso do governo na aquisição de vacinas foi motivado por “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde.

O “Diário Oficial da União” também publicou nesta sexta-feira, a nomeação de Élcio Franco, ex-secretário-executivo de Pazuello, no cargo de assessor especial da Casa Civil. A pasta é atualmente chefiada pelo ministro Luiz Eduardo Ramos, general da reserva do Exército. Ramos comandava a Secretaria de Governo antes de assumir a Casa Civil, em 30 de março.