sábado, fevereiro 20, 2021

Bolsonaro admite que, se tudo dependesse dele, o Brasil não viveria no atual regime político


Resultado de imagem para bolsonaro em campinas

Em Campinas, Bolsonaro voltou a criticar o atual regime

Deu em O Globo

O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que “se tudo dependesse” dele, o país não viveria o regime que vive hoje. Em seguida, afirmou que, “apesar de tudo”, representa a democracia no Brasil. A declaração foi dada durante cerimônia de entrada de novos alunos da escola preparatória de cadetes do Exército, em Campinas (SP).

“Alguns acham que eu posso fazer tudo. Se tudo tivesse que depender de mim, não seria este o regime que nós estaríamos vivendo. E, apesar de tudo, eu represento a democracia no Brasil. Nunca a imprensa teve um tratamento tão leal e cortês como o meu. Se é que alguns acham que não é desta maneira é porque não estão acostumados a ouvir a verdade” — afirmou.

UM PAÍS LIVRE – Ele acrescentou, em seguida, que o Brasil é um país livre e afirmou que defenderá a Constituição: “Nós vivemos em um país livre, esta liberdade vale mais que a própria vida para cada um de nós. Tenho certeza que, junto às Forças Armadas e as demais instituições do governo, tudo faremos para cumprir a nossa Constituição para fazer com que a nossa democracia funcione e a nossa liberdade esteja acima de tudo”.

A fala se soma a outras em que o presidente comparou a democracia à ditadura, inclusive em referência ao golpe militar de 1964.

Em janeiro deste ano, Bolsonaro afirmou que quem decide se um povo vive sob uma democracia ou uma ditadura são as Forças Armadas do país. Ele disse que o Brasil ainda tem liberdade, mas que “tudo pode mudar” se a população não reconhecer o valor dos militares.

CRÍTICAS A MADURO – Na ocasião, ele fez a declaração quando comentava sobre o  fornecimento de oxigênio da Venezuela para Manaus” e apontou que trata-se de uma oferta da empresa multinacional brasileira White Martins, também presente no país vizinho. Ele então criticou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro.

“Agora, se o Maduro quiser fornecer oxigênio para nós, vamos receber, sem problema nenhum. Agora, ele poderia dar auxílio emergencial para o seu povo também, né? O salário mínimo lá não compra meio quilo de arroz. Não tem mais cachorro lá, por que será? Alguma peste? Comeram os cachorros todos. Comeram os gastos todos. E vem uns idiotas, eu vejo aí, elogiando ‘olha o Maduro, que coração grande ele tem’. Realmente, daquele tamanho, 200 quilos, dois metros de altura, o coração dele deve ser muito grande. Nada mais além disso” — afirmou.

OPOSIÇÃO REAGE – A fala de Bolsonaro neste sábado provocou reação de deputados da oposição. No Twitter, o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ) afirmou que a “declaração mostra que Daniel Silveira é só um souvenir golpista, a conspiração real está ocorrendo dentro do Palácio do Planalto”.

Na terça-feira, Silveira foi preso em flagrante após insultar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com discurso de ódio. A decisão monocrática do ministro Alexandre de Moraes pela prisão do deputado foi confirmada pelo plenário do Supremo na quarta e pela Câmara na sexta.

Também na rede social, a deputada Erika Kokay (PT-DF) afirmou que o presidente é o “grande inimigo da democracia”. “Daniel Silveira não agia sozinho. O golpe está sendo urdido no Planalto!”, acrescentou.

VOCAÇÃO DITATORIAL – Já o deputado Camilo Capibaribe (PSB-AP) citou a frase de Bolsonaro e afirmou: “Impossível ser mais objetivo sobre seu projeto de impor uma ditadura no Brasil, o que torna ainda mais importante a decisão de ontem”.

De fato, o presidente sempre toca no assunto e já disse que ‘não houve golpe’ em 1964. Em março do ano passado, no aniversário do regime militar, Bolsonaro afirmou que a ditadura instaurada naquele ano não foi um golpe. Disse que a chegada de Marechal Castelo Branco à Presidência obedeceu a Constituição Federal daquela época. O regime instaurado naquele ano inaugurou um período ditatorial que se estendeu até 1985.

“A verdade: o Marechal foi eleito de acordo com a Constituição e não houve golpe em 31 de março”, escreveu o mandatário em redes sociais, após relatar sequência de eventos que levaram o militar ao comando do país.

DIANTE DO FORTE APACHE – Em abril do ano passado, Bolsonaro participou de ato em Brasília no qual manifestantes pediam “intervenção militar”, pediam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF) e defendiam o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que marcou o período mais duro da ditadura.

O presidente não fez referência aos pedidos dos manifestantes, mas discursou durante o protesto: “Acabou a época da patifaria. É agora o povo no poder. Mais que direito vocês têm obrigação de lutar pelo país de vocês. Contem com seu presidente para fazer tudo aquilo que for necessário para manter a nossa democracia e garantir aquilo que é mais sagrado de nós, que é nossa liberdade” — disse, na ocasião.