quinta-feira, janeiro 21, 2021

O silêncio dos bons cidadãos de Jeremoabo

 “O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons.” ( Martin Luther King Jr. (1929 – 1968).

"Platão, filósofo e pensador grego já falava que você tem todo o direito de não gostar de política, mas sua vida terá influência e será governada por aqueles que gostam. Portanto, “o castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus que fazem”.

Esse pensamento ilustra a omissão, a passividade dos trabalhadores, dos estudantes, da imprensa, da maioria dos cidadãos de bem de Jeremoabo, diante do caos político, econômico social e dos desmandos que instalou-se em nosso município, onde os improbos agem sem temor ou constrangimento, desafiando a ordem pública, a sociedade, as leis, os corruptos ganharam a forma de pessoas de bem e agem, nas sombras ou até ostensivamente, dilapidando o patrimônio público, desafiando a justiça, a sociedade e as leis.


Quando os bons se calam, os maus triunfam.


Por Ana  Paula Della Giustina

“Pensa por ti próprio em vez de seguires a multidão” (Chris Guillebeau).

Ao analisar o momento histórico, social, político e econômico que vivemos, percebo uma apatia sem precedentes. Parecemos cães que rosnam e latem sinalizando desconforto, mas não rompemos com o que nos causa incômodo. Acabamos nos conformando com o pouco que julgamos ou acreditamos possuir.
O conformismo é a arte de se amoldar, de não reagir e receber passivamente as dificuldades.
Inconformismo, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa, significa atitude ou comportamento de oposição aos hábitos e normas dominantes numa determinada conjuntura social. Em outras palavras, pessoas positivamente inconformadas são aquelas que estão dispostas a quebrarem padrões que resistem ao desenvolvimento e à inventividade. Essa capacidade de não se acomodar é um diferencial crucial para quem deseja viver além da mediocridade. 
É fácil identificar um conformista. Ele acredita que todas as coisas são obras do destino e que é vítima do destino ou do passado. O conformista sempre tem justificativa e nunca duvida daquilo que o limita; é o rei das desculpas.
Sempre questionei muito acerca da vida, das pessoas, dos sentimentos, das emoções... E sempre houve alguém que me dissesse: “Você pensa demais, pondera demais...”.
A verdade é que nunca deixei de pensar “demais” e, hoje, me pergunto quantos de nós vivemos uma vida de conformismo, acreditando que a situação atual jamais melhorará.
Se olharmos a diversidade de culturas e sociedades em nosso entorno, perceberemos que existe uma “zona de conforto” comum a muitas delas. Ela ocorre quando nos conformamos com tudo o que acontece de normal, anormal e até de ilícito no mundo em que vivemos. Muitas vezes, nos submetemos a um modelo determinado por um grupo da sociedade que dita aos demais cidadãos um padrão de vida que eles julgam que é certo e normal.
Ao nos conformarmos com os padrões do mundo, abrimos mão do nosso senso crítico, de nossa capacidade de pensar e julgar, pois, por ser comum a todos, torna-se um modo de viver mais fácil. Corremos menos riscos, pois ninguém vai rir de você, te achar estranho ou te condenar, pois você é comum.
Questiono-me: “Será possível que estejamos condicionados por uma espécie de seleção cultural que nos condena ao conformismo e a imbecilidade?”.
Este conformismo também é chamado de alienação, pois, conformados, não tomamos atitudes para com o certo ou contra o errado. É uma neutralidade que reprime, amordaça o senso crítico e o transforma em algo chamado de senso comum.
O certo é que, perante qualquer uma das situações, é necessário agirmos. O espírito de mudança deve agir como areia que se insere nas engrenagens: pode obstruir os mecanismos, romper processos e alterar caminhos.
Atribui-se a Martin Luther King uma frase valorosa: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. É perfeita para esse momento! É sob o silêncio conivente dos decentes que alguns dos maiores crimes acabam sendo praticados. Quando os bons se calam, os maus triunfam. 
O que sugiro é que olhemos a nossa volta e repensemos sobre o nosso papel na sociedade, na vida, no seio familiar. Que importância atribuímos aos outros, aos padrões ou a nós mesmos?
Ser inconformado exigirá um preço de quem decide viver nessa dimensão, porém, a recompensa está em ser livre para pensar, ousar e experimentar sempre o novo.
“O objetivo fundamental dos sonhos não é o sucesso, mas nos livrar do fantasma do conformismo” (Augusto Cury). 
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