segunda-feira, agosto 24, 2020

Bolsonaro vai cumprir o compromisso de reeleger Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre

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Alcolumbre e Maia já se acertaram com Jair Bolsonaro
Carlos Newton
Em maio do anos passado, foi fechado o chamado Pacto dos Três Poderes, um acordo informal, sem assinatura nem cerimônia, mas que realmente está funcionando na prática. Muita gente ainda não acredita que exista esse entendimento, porque se trata de uma iniciativa pouco republicana e nada democrática, que faz o Barão de Montesquieu se  revirar no túmulo, por representar a desmoralização dos princípios que criou em sua célebre obra “O Espírito das Leis”, em que determinou a necessidade da independência entre os três Poderes.
Na verdade, trata-se de um pacto de não agressão entre os dirigentes dos três Poderes. Foi acertado por sugestão de Dias Toffoli, presidente do Supremo, sob pretexto dr propiciar a aprovação das reformas julgadas indispensáveis para o país sair da crise econômica. Mas era tudo conversa fiada.
MANTER A IMPUNIDADE – Mais de um ano depois, já ficou claro que o pacto nada tem a ver com reformas estruturais. O objetivo principal é manter a impunidade dos políticos, governantes e empresários envolvidos em atos de corrupção, improbidade administrativa, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito.
O processo foi conduzido por Dias Tofolli, por ser um dos principais interessados, porque sua mulher, a advogada Roberta Rangel, tinha sido flagrada em enriquecimento ilícito pelo Coaf (Conselho de Controle das Operações Financeiras), junto com outros 133 contribuintes , inclusive o ministro Gilmar Mendes  e sua mulher, Guiomar Feitosa.
Além disso, Toffoli foi apanhado recebendo uma mesada de R$ 100 mil da própria mulher, num montante total de R$ 4,5 milhões, dos quais ele destinava R$ 50 mil mensais para “manter” sua primeira mulher, Mônica Ortega.
FOI TUDO SEPULTADO – Com a celebração do pacto, Bolsonaro interveio no Coaf e na Receita Federal, os casais Toffoli e Mendes voltaram ao enriquecimento ilícito e os outros 130 sonegadores foram beneficiados de roldão, vejam como as coisas funcionam no Brasil.
O Congresso tem mantido sua participação no pacto. Depois de desidratar o Pacote Anticrime de Sérgio Moro, aprovou a Lei do Abuso da Autoridade, para amedrontar delegados, auditores, juízes e integrantes do Ministério Público, além de engavetar a proposta de retorno da prisão após segunda instância.
Em  contrapartida, agora Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre querem ser reeleitos ilegalmente nas presidências de Câmara e Senado, e Dias Toffoli terá de se virar no Supremo, com apoio de Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski, para conseguir mais três votos.
VAI DAR CERTO? – Em qualquer país minimamente civilizado um pacto desse tipo seria imediatamente inviabilizado, porque só pode funcionar em regime ditatorial. Mas estamos no Brasil, o gigante adormecido, país da piada pronta,  conhecido internacionalmente pela impunidade que garante às elites, motivo de piadas para Homer Simpson e nove em cada dez roteiristas de Hollywood.
Peço desculpas aos otimistas. Na minha avaliação, os podres poderes celebrizados por Caetano Veloso vão dar um jeito de reeleger Maia e Alcolumbre.  E em novembro Bolsonaro vai indicar um capacho para o Supremo, ainda pior do que Celso de Mello.
Com isso, vai atapetar o caminho de sua reeleição. Não haverá grandes mudanças e a crise socioeconômica se eternizará.
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P.S. 1 – A única mudança que se perceberá será a corrida aos vestibulares para as Forças Armadas, que se consolidarão como o melhor emprego do país, em termos de salários, custo benefício, assistência médico-dentária garantidas e poucos encargos e sistema de meio-expediente.
P.S. 2 – Alguém pode argumentar que Luiz Fux vai assumir agora a presidência do Supremo e pode melar o pacto. Mas eu não consigo acreditar que isso acontecerá. E você, o que acha? (C.N.)