Gustavo Maia
O Globo
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse ao O Globo na noite desta segunda-feira, dia 30, que não recomenda a ida às ruas, como fez no domingo o presidente Jair Bolsonaro em Ceilândia e Taguatinga, no Distrito Federal, e ressaltou que permanece a orientação pelo isolamento da pasta comandada por ele. O comentário ocorreu após entrevista coletiva que foi encerrada abruptamente no momento em que ele era questionado sobre o mesmo assunto.
“A questão é a seguinte: eu tenho um problema muito grande para tocar, que é uma pandemia. E eu tô focado nela. São questões secundárias. Só repito: não recomendamos. Permanece a recomendação do Ministério da Saúde para todos, para você, para o seu chefe de redação, para todos”, declarou o ministro, abordado pela reportagem enquanto deixava o Palácio do Planalto.
“CARACTERÍSTICA ÍMPAR” – Na entrevista coletiva, que marcou uma mudança no modelo da divulgação de informações sobre o enfrentamento à Covid-19, Mandetta afirmou ainda que o Distrito Federal tem “uma característica toda ímpar, que é o fato de você ter uma concentração local, e muita viagem ao exterior”.
“Uma cidade que traz gente ida e volta de todo o país. Então Brasília tem que ter muita atenção por causa de suas características georreferenciais. O governador tem de fazer seu máximo trabalho. Quando a gente for falar de movimentação urbana para as pessoas, a gente vai falar em função de quem está em risco maior e quem está em risco menor. Aqui em Brasília, os casos ainda não chegaram ao Entorno, às cidades satélites. A grande maioria dos casos de Brasília está no Plano Piloto e no Lago Sul. Então muita atenção quando a gente falar movimentar o Plano Piloto e as cidades satélites, porque Brasília, o sistema de saúde dela nos anos não foi devidamente estruturado para atender essa quantidade de gente que ela atende regularmente, que vem de todo o canto do país. Já vem com um sistema sobreutilizado. E além disso pegar uma onda, pode ter muita dificuldade para atender”, declarou o ministro da Saúde.
INCURSÃO – Mais cedo, na saída do Palácio da Alvorada, Bolsonaro lembrou sua incursão às regiões da periferia de Brasília e reclamou da notícia de que ele foi “passear”.
“Fui ver o povo. Vocês estão todos amontoados aqui também. Vocês estão aqui porque precisam trabalhar? Sim. Para levar informação, a imprensa sadia, mas também, se vocês não vierem trabalhar, vocês não vão ter salário. Aquele povo que está na informalidade, 38 milhões, em grande parte já perdeu seus empregos. Não tem o que levar mais para casa”, comentou.
O presidente reclamou ainda que “parece que o problema é o presidente” e disse que é ele que tem a responsabilidade de decidir, não apenas sobre a questão de vidas, mas também da economia e do emprego.