quarta-feira, dezembro 04, 2019

Congresso articula para dobrar fundo eleitoral para R$ 3,8 bi e contraria equipe econômica


Charge do Fred (cuiabaemrevista.com.br)
Gerson Camarotti
G1
Integrantes da equipe econômica viram com preocupação o movimento do Congresso Nacional para ampliar o fundo eleitoral para R$ 3,8 bilhões. Os recursos são destinados a financiar as campanhas municipais de 2020.
O valor defendido por parlamentares é quase o dobro dos R$ 2 bilhões propostos pelo governo. Ao invés de o Congresso discutir formas de baratear gastos de campanha em plena era digital, o Legislativo se coloca na contramão de movimentos que apostam cada vez mais na internet.
APOIO – A proposta de aumentar o valor do fundo eleitoral é do relator do Orçamento, o deputado Domingos Neto (PSD-CE), e tem o apoio das principais legendas do Congresso. Apenas Cidadania, Novo, Rede, Podemos e PSOL se posicionaram contra o aumento. O texto precisa ser aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) e no plenário do Congresso.
A CMO tem sessão marcada para a tarde desta quarta-feira, dia 4, e pode votar a ampliação do fundo. Ao G1, Domingos Neto afirmou que o valor do fundo poderá aumentar porque houve revisão na estimativa de receitas da União e no montante destinado às emendas de bancada. Mas, esta não é a avaliação da equipe econômica.
SEM JUSTIFICATIVA – “O Orçamento não dobrou para justificar esse aumento de quase 100% no fundo eleitoral”, disse ao Blog um integrante do governo, ressaltando que este é um momento de restrição orçamentária e com um valor muito baixo destinado para investimento no país. “Todo mundo tem que dar uma cota de sacrifício”, completou.
Recentemente, o Congresso deu exemplo de responsabilidade fiscal ao aprovar a reforma da Previdência. Por isso, para integrantes da equipe econômica, é preciso bom senso para compreender que está faltando dinheiro áreas importantes do país.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG 
– Em poucas palavras, Camarotti sintetizou, até de forma sutil, a falta de pudor e a ávida ganância dos parlamentares em abocanhar uma fatia ainda maior dos recursos públicos. Em uma época na qual os meios tecnológicos propiciam a propagação de notícias, facilitam campanhas e reduzem custos, é contraditória essa demanda por um fundo ainda maior. Isso sem falar na tal cota de sacrifício citada e propagada. Enquanto o Congresso quer mais dinheiro, a população carece do básico, do essencial, em todos os setores. Entra só com o fundo cansa. Concluindo, a citação excepcional do jornalista Ricardo Amorim: “Fundo eleitoral tem de acabar. O dinheiro tem de ir para a educação básica. 40% dos estudantes de 15 anos não compreendem um texto simples… Mas se investirmos em educação básica e todos entenderem o que leem, quem votará em políticos que usam dinheiro público em suas campanhas, ao invés de escolas?” (Marcelo Copelli)