Pedro do Coutto
O ministro Paulo Guedes, provavelmente para reduzir o mal estar registrado na Câmara dos Deputados pelo fato de não ter comparecido terça-feira na Comissão de Constituição e Justiça, ontem esteve no Senado para debater a matéria e também outras questões colocadas pelos senadores e senadoras. O comparecimento de Paulo Guedes estendeu-se ao longo de várias horas. Começou pouco depois das 14 horas e passou da tarde à noite, não acrescentando nenhum ponto a que não tenha se referido antes ao longo de suas entrevistas e palestras.
Num determinado momento, ao responder a uma indagação acentuou praticamente que sua presença no Ministério e no Governo depende da aprovação pelo Congresso do projeto de reforma previdenciária.
SÓ AMEAÇAS – Foram tocados diversos pontos sobre os quais há temores e divergências quanto a seu reflexo concreto. Paulo Guedes voltou a destacar que empresários americanos, europeus e asiáticos estão dispostos a investir no Brasil, mas desde que seja aprovada a reforma da Previdência.
A meu ver, uma comparação espantosa, porque não acredito que o sistema previdenciário possa ser considerado como algo extremamente essencial e capaz, por si, de mover montanhas. Não creio tampouco que o equilíbrio fiscal do governo Jair Bolsonaro dependa da redução de custos na área social.
De qualquer forma foi importante a presença do ministro no Senado. Vamos esperar agora por sua presença na Câmara dos Deputados. Principalmente nos próximos dias, porque na terça-feira as lideranças de 11 partidos criaram uma frente para mudar o projeto de emenda constitucional do governo. Foi a manchete de primeira página da Folha de São Paulo de ontem e a reportagem está assinada por Tiago Resende, Ângela Boldrini e Mariana Carneiro.
BASE ALIADA – Provavelmente, os partidos do governo estão sendo coordenados pelo Ministro Onix Lorenzoni, visando a constituir o bloco parlamentar favorável ao projeto. A diferença entre uma articulação e outra encontra-se no dilema quanto à aprovação ou à derrota do projeto. Isso porque há necessidade de 308 votos favoráveis para a emenda constitucional.
Vai se travar, portanto, o embate entre governistas e opositores a partir da data em que o projeto começar a transitar na Câmara Federal. Os deputados, aliás terão oportunidade de apresentar questionamentos novos para o ministro Guedes, que adiou para semana que vem seu comparecimento àquela casa do Legislativo.