Pedro do Coutto
Trata-se de um registro hediondo, mas, sem dúvida, a Vale S/A, privatizada pelo ex-presidente FHC, tornou-se a maior empresa assassina da história brasileira. Cito FHC não para culpá-lo, porém somente para acentuar os anos que se passaram, faixa de tempo mais do que necessária para que os governos de Lula, Dilma Housseff e Michel Temer exigissem da empresa as providências de precaução quanto a eventualidade de desastres como os de Mariana e Brumadinho.
Eram necessárias práticas concretas de segurança. Mas a fiscalização federal foi absolutamente omissa. O resultado está aí aos olhos de todos. Omissão também produz crimes em sequência. A vida humana não tem preço.
FOI UM AVISO – O desastre de Mariana, ocorrido há três anos, teria logicamente que despertar o Ministério de Minas e Energia, mas aconteceu o contrário, passou a dormir no colchão dos omissos. Ministros se sucederam ao longo de 2003 para cá e não tiveram qualquer preocupação com o problema industrial e ecológico, mostrando a verdadeira face de seu desinteresse em relação às vidas humanas. Especialmente depois de Mariana, ocorrida há três anos.
O passado recente, incrível isso, não sensibilizou as autoridades para que pelo menos fossem informadas as reais condições da Vale em relação a suas operações, que hoje se vê de alto risco,
Passados três anos as vítimas de Mariana não receberam qualquer apoio por parte da empresa, que continuou navegando nas águas mansas sopradas pelo governo e pela Justiça brasileira.
MORTES EM MASSA – Com isso, tanto a Vale quanto a omissão dos governantes conduziram a um assassinato em massa, de acordo com as matérias publicadas ontem com grande destaque na imprensa e redes de televisão. O assassinato em série foi gigantesco e representou o maior desastre ecológico dos últimos tempos. É verdade que em relação à ecologia, o rompimento em Mariana foi mais profundo. Entretanto, em relação à quantidade de vítimas, Brumadinho ultrapassou a marca sinistra deixada pela Vale na estrada do número de mortes praticamente dolosas, porque, mesmo não sendo praticados com a intenção de matar, refletiram o desleixo que levou à tragédia.