sexta-feira, dezembro 07, 2018

Cheque da mulher de Bolsonaro deixa Moro em situação constrangedora


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Moro errou ao considerar Bolsonaro “acima de suspeita”
Deu no Correio Braziliense(Estadão Conteúdo)
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, não respondeu a questionamento feito pela imprensa, nesta sexta-feira, 7, sobre o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que revelou movimentação atípica no valor de R$ 1,2 milhão na conta de um assessor do deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). Em anúncio na sede da transição de governo, Moro indicou os futuros chefes da Polícia Rodoviária Federal, o policial rodoviário federal Adriano Marcos Furtado, e da Secretaria Nacional do Consumidor, o advogado Luciano Benetti Timm, mas deixou o local sem responder à pergunta sobre o documento do Coaf.
Foi o primeiro contato com a imprensa após o jornal O Estado de S. Paulo revelar, na quinta-feira, 6, o relatório sobre transações de Fabrício José Carlos de Queiroz. Policial militar, Queiroz era registrado como assessor parlamentar, mas também atuava como motorista e segurança de Flávio Bolsonaro. Foi exonerado do gabinete de Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro deste ano.
CHEQUE DE MICHELLE – Uma das transações na conta de Queiroz citadas no relatório do Coaf é um cheque de R$ 24 mil destinado à futura primeira-dama Michelle Bolsonaro. A compensação do cheque em favor da mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro aparece na lista sobre valores pagos pelo PM.
“Dentre eles constam como favorecidos a ex-secretária parlamentar e atual esposa de pessoa com foro por prerrogativa de função – Michelle de Paula Firmo Reinaldo Bolsonaro, no valor de R$ 24 mil”, diz o documento do Coaf, órgão de inteligência financeira que tem como principal missão o combate da lavagem de dinheiro.
PAI E FILHA – Nesta sexta-feira, o Estadão revelou que o mesmo relatório cita movimentações entre contas de Fabrício Queiroz e de sua filha, Nathalia Melo de Queiroz, que era até o mês passado assessora lotada no gabinete do deputado federal e agora presidente eleito, Jair Bolsonaro. 
O documento do Coaf foi anexado pelo Ministério Público Federal à investigação que deu origem à Operação Furna da Onça, realizada no mês passado e que levou à prisão dez deputados estaduais da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Nem Flávio Bolsonaro nem o seu ex-motorista foram alvo da operação que prendeu dez deputados fluminenses, deflagrada no dia 8 de novembro. O Ministério Público Federal investiga o envolvimento dos parlamentares estaduais em um esquema de pagamento de “mensalinho” na Assembleia.
DINHEIRO DEMAIS – O Coaf informou que foi comunicado das movimentações de Queiroz pelo banco porque elas são “incompatíveis com o patrimônio, a atividade econômica ou ocupação profissional e a capacidade financeira” do ex-assessor parlamentar.
O relatório também cita que foram encontradas na conta transações envolvendo dinheiro em espécie, embora Queiroz exercesse uma atividade cuja “característica é a utilização de outros instrumentos de transferência de recurso”.
Queiroz foi citado na investigação porque o Coaf mapeou, a pedido dos procuradores da República, todos os funcionários e ex-servidores da Alerj citados em comunicados sobre transações financeiras suspeitas.
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – O ex-juiz Sérgio Moro ficou em situação constrangedora. Aceitou o convite para entrar no governo, pensando que Bolsonaro fosse um cidadão acima de qualquer suspeita. Mas como acontece no filme de Elio Petri, ninguém pode estar acima de suspeita. Agora, Moro está numa saia justa, embora Bolsonaro tenha dito que se trata de um empréstimo de R$ 40 mil, que foi pago à mulher dele e não a ele, porque não tinha tempo de receber. Com uma desculpa mal engendrada desse tipo, é melhor o ex=juiz Moro voltar para casa e abrir um escritório de advocacia, que será um grande sucesso, porque a política brasileira não merece ter um protagonista como ele aqui do lado de baixo do Equador. (C.N.)