Pedro do Coutto
Vou escrever sobre a perspectiva de déficits anuais no INSS. Mas não posso deixar de acentuar que na manhã de ontem, no Grande Rio, sucederam-se sete arrastões que levaram ao pânico, inclusive na Rodovia Presidente Dutra. O problema se agrava e não se vislumbra sequer o início de uma ofensiva organizada contra a legião de bandidos que aterrorizam os habitantes. Faço a pergunta que virou slogan nas transmissões esportivas da Rede Globo para o esforço, finalmente, de uma ofensiva concreta por parte de setores mais diretamente envolvidos numa verdadeira teia criminosa.
As vítimas se multiplicam, o combate por parte das autoridades responsáveis não apresenta sinais de qualquer melhoria. Repito então o fato de a segurança no estado encontrar-se sob intervenção federal.
PROJEÇÕES DO INSS – Reportagem de Geralda Doca edição de ontem de O Globo, com base numa projeção feita pela Secretaria de Previdência Social, destaca que o déficit do INSS está previsto em 214 bilhões este ano e vai atingir 649 bilhões no ano de 2029.
O cálculo causa surpresa na medida em que, num exercício de adivinhação, projeta a situação deste ano com um vértice sempre crescente ao longo da próxima década. A mim parece que a projeção no andar da carruagem parte do princípio da situação atual que coloca em confronto a receita e a despesa. Mas, pergunto eu, será que o cálculo se baseia na taxa atual de desemprego?
DESEMPREGO – A pergunta cabe porque o maior inimigo do déficit é o desemprego, principalmente. Pois o INSS arrecada sobre a folha de salários. Portanto se esta encolhe, a arrecadação também vai encolher. O fator histórico atribuído como uma constante na curva do tempo está computando, claro, o panorama atual. Mas será esse processo contínuo em matéria de despesa?
E quanto a receita? Vai prosseguir sem a cobrança das dívidas de empresas, assunto que não é tocado em nenhum momento da reforma.
Assim o ritmo do desembolso está calculado no déficit de hoje, porém o mesmo fator não se aplica no que se refere a receita. O Brasil possui hoje 12 milhões de desempregados. Como o salário médio está em torno de 2.000 reais, fazendo-se as contas fixadas para as contribuições, vamos nos deparar com um montante gigantesco.
RETOMADA? – Enquanto isso, reportagem de Márcia de Chiara, O Estado de São Paulo também de ontem, revela que o lucro de empresas subiu pelo quinto trimestre, e assim dá sinais de retomada da economia.
O lucro das empresas subiu, tudo bem, mas e os salários? Bem, os salários caíram. Foi o que aconteceu.