segunda-feira, novembro 05, 2018

Especialistas em segurança são praticamente unânimes ao condenar uso de “snipers”; e não se opõem porque tenham pena dos criminosos

Publicada: 05/11/2018 - 5:29
Na entrevista que concedeu no começo desta madrugada, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), deputado mais votado e filho de Jair Bolsonaro, presidente eleito, defendeu o abate de pessoas que estejam portando fuzis. A proposta foi lançada por Wilson Witzel (PSC), governador eleito do Rio. Segundo o parlamentar, anda fácil ser bandido no Brasil. Digamos que seja verdade. Será esse o caminho? Além de ilegal, a prática desrespeita os mais comezinhos manuais de segurança pública do mundo. Também é contrária à instrução que recebem as forças de segurança no Brasil. Os assassinatos seletivos seriam feitos por “snipers”, atiradores à distância. Desde logo, pergunta-se: “Por que só fuzil? E se for uma .45?” Como resta óbvio, uma coisa leva à outra. Daí para o morticínio em razão de simples suspeitas é um passo. Conversei com especialistas em segurança, inclusive oficiais da Polícia Militar de São Paulo. Não há um único que considere a ideia boa. Ao contrário. É vista como desastrosa. Na fala de um deles: “Se isso se generaliza, vai acontecer o óbvio: os policiais também serão considerados alvos pelo crime onde quer que estejam. Até porque quem costuma exibi essas armas não são os chefões, mas os soldados do narcotráfico. Poderia dar início a uma carnificina.” Outro alerta ainda: “Os chefões desses grupos criminosos já estão presos; matar os peixes pequenos fora de uma situação de confronto corresponde a declarar uma guerra em detrimento das ações de inteligência. E aí vai ter troco. Passará a ser muito mais inseguro ser um policial”. Mais um alerta: “Quando os criminosos souberem que podem ser abatidos à distância, talvez parem de desfilar com fuzis, o que não quer dizer que não tenham fuzis”. O oficial chama a atenção ainda para outra coisa: “Vítimas de confrontos entre facções ou com as milícias passarão a ser atribuídas à Polícia Militar”.  Um deles resume de maneira peremptória: “Esse absurdo não pode prosperar”.