quinta-feira, novembro 25, 2010

Serra: Lula usa "mentira" para voltar à Presidência

Serra: Lula usa "mentira" para voltar à Presidência

Moreira Mariz/Ag.Senado
Serra demonstrou irritação ao ser questionado sobre o episódio dos objetos arremessados

Fábio Góis

Em visita ao Senado “para matar a saudade”, o candidato derrotado à Presidência da República José Serra (PSDB) voltou a fazer críticas à atuação do presidente Lula às vésperas da troca de comando no Planalto. Depois de evitar críticas mais ácidas a Lula durante a campanha eleitoral, devido à alta popularidade do petista, Serra partiu para o ataque dizendo que o presidente usa a “mentira” para pavimentar o retorno ao Planalto daqui a quatro anos.

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O tucano demonstrou certa irritação ao ser questionado sobre o episódio dos objetos arremessados contra ele no Rio de Janeiro, durante a campanha eleitoral. “O que ficou comprovado foi um outro objeto atirado em mim. Isso inclusive está filmado, e o presidente Lula sabe disso. Acontece que ele não perde o costume, continua fazendo campanha – e talvez já tenha começado sua campanha para 2014 – e dizendo mentiras. Inclusive muito pouco apropriadas para a figura de um presidente da República. Mas ele não dá muita importância a isso”, disse, lembrando as condenações de Lula no Tribunal Superior Eleitoral. “É um homem que, ao invés de dar à população um exemplo de correção, de austeridade, de virtude, dá exemplos poucos recomendáveis.”

Depois de quase duas horas de reunião na liderança do PSDB, da qual participaram senadores e deputados do partido e do DEM, Serra falou rapidamente com jornalistas antes de adentrar o Plenário da Casa, onde teve presença anunciada – o que foi feito não pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), como é praxe, mas pela 2ª vice-presidente, Serys Slhessarenko (PT-MT). Sarney deixou a Mesa antes do anúncio, o que causou certo constrangimento.

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Prognóstico negativo

Sem querer opinar sobre a equipe econômica montada pela presidenta Dilma Rousseff, Serra fez um prognóstico negativo para a gestão Dilma. “Ele está deixando um grande nó para o próximo governo. Um nó de difícil solução que vai custar muito caro ao país”, alertou o tucano, que apontou “déficit público maquiado, inflação ascendente, maior déficit de balanço de pagamentos da história e câmbio supervalorizado, com crescimento descontrolado das importações”, o que traria prejuízos à produção doméstica.

Saúde e trem-bala

O ex-governador de São Paulo condenou ainda as especulações sobre a volta da CPMF (agora com o nome de Contribuição Social para a Saúde), tributo em tese direcionado para a saúde, que foi derrubado pelo Senado em dezembro de 2007. “Quero alertar para o seguinte: essa história de que vai repartir a CPMF entre governo federal, estados e municípios é conversa. Pode até acontecer e o dinheiro vá para estados e municípios, mas eles vão tirar com outra mão, diminuindo as outras contribuições, que não são obrigatórias.”

Serra criticou ainda “projetos megalomaníacos e sem nenhum cabimento” idealizados por Lula, como o trem-bala. “É a obra mais cara desde de Itaipu, não tem fundamento nenhum. É um projeto que não tem nenhuma prioridade, porque não é sequer para transportar carregar, mas apenas passageiros. Não há demanda para isso. Se um dia fosse feito, seria prejuízo certo”, declarou, acrescentando que a conta ficaria para o Tesouro Nacional. “Eles querem que isso seja feito com dinheiro público.”

Procurando trabalho

Segundo o tucano, que ficou quase um mês na Europa, a ideia agora é descansar. “Estou me recuperando fisicamente e procurando trabalho”, disse, acrescentando que não foi ao Senado para articular uma eventual candidatura à presidência do PSDB. Serra não quis comentar a possibilidade de assumir a presidência do Instituto Teotônio Vilella (ITV), braço intelectual dos tucanos. Hoje, o ITV fez críticas semelhantes às de Serra sobre a “herança maldita” que Lula deixa para Dilma em relação à economia .

Serra também não quis responder qual seria a solução para os problemas econômicos que ele mencionou. Apenas apontou problemas como inflação ascendente, taxa de câmbio supervalorizada (que estaria “desindustrializando o país”) e atividade econômica enfraquecida. Segundo o tucano, a resposta tem de ser dada pela presidente eleita, Dilma Rousseff.

Participaram da reunião, entre outros, o líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), além de senadores como Alvaro Dias (PSDB-PR) e Eduardo Azeredo (PSDB-MG) e deputados como Rita Camata (PSDB-ES) e Gustavo Fruet (PSDB-PR).

Fonte: Congressoemfoco

* Colaborou Eduardo Militão.