domingo, novembro 28, 2010

Quinta e sexta, foi guerra mesmo, jamais imaginada. Tiveram que chamar Marinha, depois Exército e equipamento da FAB. NA madrugada de sábado e até 18 horas deste sábado, quando escrevo, tranquilidade geral.

Helio Fernandes

É evidente que a ação dos traficantes e a reação das chamadas mas inexistentes “autoridades” são ligadas e interligadas. Mas não é só a guerra que tem que ser analisada, mas o que está por trás, por dentro, não apenas no Rio, mas em muitos lugares.

Antes da droga já existiam as favelas (e em várias cidades e países), não com a violência que passou a se instalar a partir da droga, que criou o que identificaram primária e acumpliciadamente, como “PODER PARALELO”. Mas são tantas as variantes, as ausências, as consequências, que fica difícil analisar apressadamente.

O texto publicado ontem por Jorge Folena, merece várias vezes a designação de MAGISTRAL. Por tudo que escreveu, pela naturalidade do texto, pela profundidade do exame, pela abertura de um novo canal de debate, como é muito comum neste blog: sem a menor censura, concordando ou discordando do Folena, como já começou a ocorrer e acontecer.

Desde que ele postou o artigo-análise sobre o assunto, foram chegando os que acreditam ou desacreditam, todos defendendo posições contrárias, mas com equilíbrio, grandeza, solidariedade, convicções diferentes.

Na madrugada de sábado, até o sábado inteiro, o Rio da superfície parecia normal. Ônibus circulando, pessoas andando nas ruas, se transportando de carros ou a pé, como se não existissem os traficantes, suas provocações e finalmente o aparecimento de tropas, venham de onde vierem, sejam apenas policiais ou civis, e até mesmo as Forças Armadas.

Os generais vieram com autorização presidencial, e duas ordens; uma compreensível, outra não compreensível e até inexplicável. Não queriam que fosse identificadas como FORÇAS ARMADAS, pois isso poderia “contaminar” Exército, Marinha e Aeronáutica.

A segunda nem deveria ser divulgada, é claro que a divulgação é apenas “justificativa antecipada para alguma coisa que não desse certo”. Na única vez que os generais apareceram em público (rapidamente), afirmaram: “O presidente determinou que os militares só atirassem em último caso, numa emergência”. Isso era o óbvio, ninguém esperava que soldados e oficiais treinadíssimos, começassem a atirar impensadamente e irresponsavelmente.

Mas é hora de dizer, sem contradizer ninguém, pelo contrário, estimulando todos a se manifestarem sobre o que deve ser a atuação e a ação dos militares: atirarem de verdade, para MATAR? Ou tentarem ganhar essa guerra sem que haja sangue ou represália? Os traficantes atiram, matam, assustam, ROUBAM O DIREITO da população, mas seus DIREITOS têm que ser resguardados infinitamente, mesmo que ninguém tenha tranquilidade?

Nas televisões, surgiram inesperadamente, aproveitando a situação, os “especialistas em segurança”. São dezenas. Normalmente, os requisitados pela TV são sociólogos e cientistas políticos, às vezes três deles no mesmo programa. Agora apareceram esses “especialistas”, falam, falam, não sugerem nada, não se mostram o mais aproximado que seja de uma solução ou proposta.

Competente, especialista sem aspas, que pode ser visto e ouvido com todo o interesse, se chama Roberto Godoy. Quando ele aparece, como ontem, podem parar para ouvi-lo, é produtivo e positivo.

***

PS – Ontem as capas de todas as revistas comemoravam praticamente com as mesmas palavras: “Começamos a vencer o crime”. As palavras eram ligeiramente diferentes, a arrogância, a prepotência e a audácia, combinavam.

PS2 – O importante mesmo era a disposição da população, a agressividade da coletividade, o clamor irresistível das ruas, se manifestando sem medo: “Não aguentamos mais, queremos paz e liberdade, o fim do crime brutal, seja como for, desde que os TRAFICANTES DESAPAREÇAM.

PS3 – Nunca essa questão foi colocada tão abertamente: a EXIGÊNCIA DO FIM DA CRIMINALIDADE ERA SEM RESTRIÇÃO, SEM PERDÃO E SEM CONTEMPORIZAÇÃO.

PS4 – Por volta das 16 horas de ontem começou a circular o que parecia informação, ainda era informe, mas provocava SATISFAÇÃO DO POVO, satisfação que só se vê nas grandes festas nacionais: “Os chefões se entregariam, iriam para prisões de segurança máxima”. O destino dos subalternos da criminalidade seria decidido depois, desde que D-E-S-A-P-A-R-E-C-E-S-S-E-M.

Helio Fernandes/Tribuna da Imprensa