Carlos Chagas
Do Paulo Preto a Erenice Guerra, das privatizações ao abandono das rodovias, do aborto à insegurança publica, não dá mais para aguentar. E ainda faltam dois. Falamos dos debates entre Dilma Rousseff e José Serra. Depois da Bandeirantes e da Rede TV, vem por aí a Record, no domingo, 24, e a Globo, na sexta-feira, 29. Submeteram-se, os candidatos, à ditadura das redes de televisão. Por isso, bem feito para eles, candidatos e redes, pela falta de coragem para programarem um único entrevero, e sem as regras restritivas que vem impedindo o livre curso de suas propostas de governo. Um único vídeotape teria bastado para demonstrar a inocuidade desse tipo de expediente eleitoral. Bem fez o SBT por não mergulhar no novo abismo de mediocridade revelado pela sucessão presidencial.
As grandes redes vangloriam-se de altos índices de audiência, mas é mentira. Depois de cada debate as assessorias de tucanos e de companheiros apregoam a vitória de seu candidato. Mera ilusão, para dizer o mínimo. Domingo, Serra e Dilma forneceram mais uma oportunidade para o cidadão comum perceber como são parecidos. Pela impossibilidade de desenvolver projetos com começo, meio e fim, dada a exigüidade de tempo, passam por despreparados, que certamente não são.
Tempos atrás ainda cabia a associações de classe e entidades do meio civil abrir oportunidade aos candidatos para a apresentação de seus planos. A imprensa escrita, no dia seguinte, divulgava em detalhes a fala de cada um. É claro que em meio a comícios, carreatas e passeatas onde os chavões tinham seu lugar. Sem esquecer as entrevistas, geralmente coletivas.
A PROVA
Não são poucos os tucanos que lamentam o afastamento de Aécio Neves como candidato presidencial no lugar de José Serra. Poderia ter sido diferente caso se tivesse realizado no ninho a prévia defendida pelo então governador de Minas, hipótese que teria selado a chapa Serra-Aécio ou Aécio-Serra. Em qualquer dos casos, a impressão transmitida ao eleitorado seria de unidade e eficiência. Talvez tivessem sido eleitos ainda no primeiro turno.
BRASÍLIA APAGADA
Falta de energia virou rotina na capital federal. Não se passa um dia sem que bairros inteiros sejam submetidos a apagões regulares, pela manhã, à tarde ou à noite. O cidadão fica exposto a um trânsito caótico, com os semáforos interrompidos, isso quando consegue tirar o carro da garage, manualmente. Escolas obrigam-se a adiar as aulas, postos de saúde suspendem os atendimentos, escritórios fecham e os serviços variados interrompem suas atividades. A pergunta que se faz é quando Dilma ou Serra, em suas campanhas, abordarão tema tão incômodo quanto vergonhoso. O principal, no entanto, é saber se o vencedor terá condições de enfrentar a crise.
CONSPIRAÇÃO?
Paranóias à parte, mas quem garante não estar em andamento um conluio entre certos institutos de pesquisa e parte da chamada grande imprensa, apresentando a cada dia as mesmas informações sobre a diminuição dos índices de preferência entre Dilma e Serra? Parece tudo meio arrumadinho, uma repetição do já célebre escândalo da Proconsult, no Rio, quando o então candidato a governador, Leonel Brizola, ia sendo garfado. Só não foi por haver estrilado a tempo.
Fonte: Tribuna da Impresa